O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) emitiu ontem certidão que oficializou o novo diretório estadual do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), comandado por Cecília Feitoza. A decisão tenta resolver um impasse interno entre as alas da legenda, que tinham escolhido diferentes presidentes estaduais e pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza. O racha aconteceu no 5° Congresso Estadual do partido no domingo, 8. A corrente Insurgência, que lançou o deputado estadual Renato Roseno como candidato ao Paço Municipal, acabou conquistando vitória na Justiça Eleitoral.
Além da presidente, a direção estadual da legenda é composta pelo tesoureiro Ailton Lopes e as secretarias: geral (Moésio Mota), de formação política (Ana Vládia), de comunicação (Livino Neto), intersetorial e movimentos sociais (Téssie Reis), de organização política e interior (Cleidilene Oliveira).
A cisma entre as duas correntes foi resultado de desacordo no terceiro dia do encontro estadual. O grupo Insurgência decidiu que não aceitaria a lista de delegados enviada pela direção nacional do partido. Houve a acusação de que houve fraude na plenária de Alcântaras em beneficio à ala Resistência Popular e Socialista (RPS). Segundo o grupo de Roseno, uma ata foi modificada para obter aprovação nacional de oito delegados. A divergência quanto ao horário e a veracidade do documento gerou a divisão.
De acordo com Adelita Monteiro, integrante da RPS, o Congresso que ocorreu no domingo passado foi legítimo. “Nós já estamos recorrendo ao diretório nacional para resolver essa questão”, diz. Por garantir que a decisão sobre as eleições depende da decisão da comitiva nacional, a militante é enfática: “Ainda sou a candidata do Psol à Prefeitura”. Ela ainda acusa a Insurgência de não dar oportunidades a novos nomes e apresentar dificuldades aos integrantes do partido de participar das decisões.
Para Cecília Feitoza, a indicação de Roseno representa a busca por uma “política de esquerda”, com destaque à luta dos movimentos sociais. “Para nós, esta candidatura representa uma alternativa pela esquerda, ideológica, aliançada com os movimentos sociais, sindicais e populares, com os movimentos de mulheres, negros, LGBTs. Com ela queremos reeditar a vitoriosa aliança entre a Frente de Esquerda Socialista (Psol/PSTU/PCB)”, enfatiza.
A vereadora Toinha Rocha (Psol), integrante da RPS, disse que independente da oficialização pelo TRE do diretório estadual do partido, a decisão sobre a composição do partido no estado fica a cargo do diretório nacional. “Quem decide é a nacional”, diz. Para ela, Cecília se antecipou ao recorrer a um órgão que não decide sobre questões internas partidárias.
A assessoria da direção nacional do Psol foi procurada pelo O POVO para falar sobre a decisão do TRE-CE. Entretanto, as ligações não foram atendidas.