Na manhã de ontem, a marcha vermelha de representantes sindicais tomou pelo menos três quarteirões enquanto se deslocava pelo Centro da cidade rumo à Prefeitura de Fortaleza. Organizada por funcionários municipais, o movimento entregou conjunto de propostas sobre transparência, políticas públicas e tributos ao prefeito Roberto Cláudio (PDT). LEIA TAMBÉMMotoristas de táxi pedem revisão de licitação O documento trata, sobretudo, de justiça tributária, baseada na ideia geral de que os ricos devem pagar mais impostos que pobres. O gestor ouviu as queixas e sugestões do grupo por volta do meio-dia. RC prometeu novo encontro com os professores da rede municipal na próxima quarta-feira, 18, à noite, em horário ainda não definido. Eles devem discutir, entre outros assuntos, a campanha salarial da classe. “Respeito muito o movimento. Acho uma pauta bastante digna. Temos conversado e essas reuniões renderam bons frutos ao longo da gestão, como abertura de concurso na área da educação”, diz o prefeito. “Não queremos só criticar. Temos propostas. Antes, só queríamos lutar e ganhar benefícios. Hoje, os sindicalistas estão mais preparados, sabem negociar, balancear as coisas”, afirma a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), Vilani Oliveira. A presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares, explicou que o grupo quer que tributos sejam utilizados como forma de atenuar as desigualdades sociais. Viés político O único parlamentar a participar da manifestação foi o deputado estadual Elmano de Freitas (PT). Ele foi rival de Roberto Cláudio, inclusive no segundo turno, nas últimas eleições municipais em 2012. A marcha, com carros e a pé, começou por volta das 9h30 na Praça Clóvis Beviláqua. Sob sol forte e calor, trabalhadores seguiram até o Paço Municipal com críticas, principalmente, ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de investigação na Lava Jato. “Fora, Eduardo”, gritavam pelo caminho. Nas lojas do Centro, opiniões divergiam. O comerciante Flávio Félix, de 40 anos, confessou que não sabia do que se tratava o movimento, mas ressaltou: “Não importa se é direita ou esquerda, contanto que defenda os interesses do povo, sou sempre a favor”. O fornecedor de embalagens Antônio Carlos, 47 anos, não gostou do que viu. “Primeiro que sou contra o funcionalismo público, salvo para educação, saúde e segurança pública. Segundo que ver isso, me deixa é triste. Sou de direita”, comenta. FORTALEZA Caminhada e reunião com RC 1, 2, 3) Os manifestantes percorreram ruas do Centro de Fortaleza em direção ao Paço Municipal. Bandeiras de vários movimentos abriram a passeata realizada pela manhã. Essa é a 6ª marcha realizada na Capital, que este ano teve como lema “Vire o jogo! É hora de justiça fiscal, desenvolvimento e investimento público. 4) Após o ato, alguns membros foram recebidos pelo prefeito RC. Bastidores Interferência de Ivo O encontro com os trabalhadores não estava previsto na agenda do prefeito Roberto Cláudio. Uma ligação na noite anterior de seu ex-secretário de Educação e atual deputado estadual Ivo Gomes (Pros) mudou o cenário. De acordo com os próprios sindicalistas, Ivo intercedeu para que o encontro fosse assegurado. O prefeito confirma a ligação. Reclamações Durante a reunião com Roberto Cláudio, representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores daa Educação do Ceará (Sindiute) criticaram o secretário de Educação de Fortaleza, Jaime Cavalcante. O prefeito apenas ouviu as críticas. Mais tarde, para imprensa, defendeu o gestor: “O papel deles é fazer reclamações, semana que vem estaremos todos juntos negociando e debatendo. Jaime tem feito um excelente trabalho”. Saiba mais Vire o jogo! Esta foi a 6ª marcha dos servidores municipais, que ocorre anualmente. Nesta edição, o encontro versa sobre tributação com o lema: “Vire o jogo! É hora de justiça fiscal, desenvolvimento e investimento público”. Participantes Os organizadores dizem que houve participação de 140 municípios no movimento, somente no Ceará. No Brasil, trabalhadores de 17 estados aderiram ao ato. Povos indígenas, grupos em prol dos direitos LGBT, quilombolas e até estrangeiros participaram da passeata em Fortaleza. Palanque Representantes do Paraguai e do Chile subiram no carro de som para falar das dificuldades e conquistas dos trabalhadores em seus países. Condutores auxiliares de táxi também se uniram ao movimento após se encontrarem com o grupo ligado à CUT.