A divulgação de um calendário com fotos produzidas por grupo de atores transformistas em que encenam imagens famosas no mundo inteiro causaram polêmica ontem na Assembleia Legislativa. O “Translendário”, como foi chamada a peça, foi publicado com a logomarca da Prefeitura da Capital.
O assunto foi levantado durante sessão plenária pelo deputado estadual Fernando Hugo (PSDB), que considerou chacota com a religião cristã uma das fotos que fazem alusão a momentos religiosos, como a última ceia de Jesus Cristo ao lado dos 12 apóstolos. A foto que faz alusão à famosa obra “A Última Ceia”, do pintor Leonardo Da Vinci, foi intitulada de “O Último Truque”.
O tucano considerou um “desrespeito” a produção das imagens que, segundo ele, possuem apelo religioso. No Translendário, há ainda a encenação da obra “A Criação de Adão”, de Michelangelo Buonarotti.
Integrante do grupo teatral Engenharia Erótica, o idealizador da peça, Silvero Pereira, argumentou que o calendário reproduz imagens internacionalmente famosas e que nenhum dos momentos reproduzidos é de autoria da religião cristã. “Michelangelo, por exemplo, não era católico não”, pondera. Silvero também afirmou que o calendário é um trabalho artístico que eleva a autoestima dos travestis e dá visibilidade positiva a este público.
Já Fernando Hugo declarou, ao O POVO, que não tem “nada contra” os “gays, lésbicas, homossexuais e travestis” e que, inclusive, abriga com afeto gays e lésbicas que fazem parte de sua família.
Prefeitura MunicipalAo vincular a produção do calendário à Prefeitura de Fortaleza, o parlamentar lembrou que a gestão municipal já produziu trabalhos igualmente “desrespeitosos”, como a edição da Revista Farol em que foi publicada uma reprodução de uma cena de sexo. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Prefeitura informou que não houve qualquer forma de patrocínio ou apoio ao polêmico calendário por parte da gestão municipal.
A assessoria disse, ainda, que a administração não autorizou o uso da marca da Prefeitura no material e que ele não passou pela prévia análise da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) nem da Comunicação municipal.
Segundo Silvero, a logomarca da Prefeitura de Fortaleza foi inserida no material como forma de agradecer o apoio aos gays, lésbicas, travestis e transsexuais que tem sido ofertado pela gestão petista, principalmente, a partir da SDH.
De acordo com o idealizador do calendário, o material foi produzido e publicado com dinheiro de um cachê recebido por ele, quando fez apresentações em um dos eventos da Prefeitura, a Quarta Cultural. O quê
ENTENDA A NOTÍCIA A produção de Sol Coêlho e Silvero Pereira expõe homens travestidos em 12 fotos representando obras clássicas e traz e datas importantes de cada mês do ano para a comunidade LGBTT em todo o mundo.