Pacientes atendidos nos corredores do Hospital Infantil Albert Sabin. Comitiva de parlamentares visitou a unidade
FOTO: REBECA MARINHO/DIVULGAÇÃO
O governador Camilo Santana (PT) está à procura de um perfil técnico para substituir o ex-titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Carlile Lavor, cuja exoneração foi publicada ontem no Diário Oficial do Estado. Dos últimos quatro nomes que estiveram à frente da Sesa, três eram eminentemente políticos.
Segundo a assessoria do governador, apesar da crise que a saúde pública atravessa, a escolha do substituto será feita “sem pressa” e de forma cuidadosa. Com um cenário de superlotação de hospitais, epidemia de sarampo, surto de dengue e falta de insumos, o secretário-adjunto Henrique Javi assume interinamente a Sesa. Carlile deixou a pasta após admitir dificuldades para solucionar a crise na saúde no Estado.
Um dos nomes cotados para sucedê-lo, o deputado estadual José Sarto (Pros) não se enquadraria, porém, no aspecto técnico priorizado por Camilo. Eleito seis vezes, o parlamentar já acumula mais de 20 anos de Assembleia Legislativa.
“O Sarto é médico do serviço público e tem uma longa experiência no parlamento nessa área. Por ser político, ele já chegaria com desgaste”, afirma o deputado estadual e médico Heitor Férrer (PDT). O pedetista acrescenta que Sarto não teria experiência na administração.
Também cotado para chefiar a Sesa, o ginecologista Acilon Gonçalves foi prefeito de Eusébio. Pai do deputado estadual Bruno Gonçalves (PEN), Acilon foi secretário-executivo da pasta entre 2013 e 2014, período em que a Saúde foi gerida por Ciro Gomes. Apesar das qualificações, o currículo e a proximidade aos Ferreira Gomes tornam Acilon um candidato de perfil claramente político.
Para a deputada estadual Silvana Oliveira (PMDB), o equilíbrio entre as duas áreas não está descartado. “Eu acho que ter um perfil político (como secretário), sim. Tudo no sistema é interligado, não dá para separar as coisas”, defende.
Especialistas As opções de natureza mais técnica ao alcance de Camilo Santana, hoje, seriam os nomes do deputado federal Odorico Monteiro (PT) e o atual secretário-interino Henrique Javi.
Odorico acumula 20 anos de gestão em secretarias municipais e a experiência de ter estado à frente da Secretaria da Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. Como um dos articuladores do programa Mais Médicos, entrou em choque com parte da classe médica. Além disso, é um nome que desagrada o Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), entidade que vem denunciando a superlotação nos corredores dos hospitais.
Formado em Física e gestor do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), organização mantida pelo Estado, Javi é mais palatável aos oposicionistas. Heitor Férrer, no entanto, questiona as habilidades do interino.
“O ISGH é uma secretaria dentro de outra. Estou com um processo contra eles. Mais que tudo, o novo gestor precisará de assessoria”, critica.
NÚMEROS
397
é o número de pacientes sem leito, segundo o Sindicado dos Médicos do CE
116
do total estão em corredores do IJF, segundo dados da entidade