A indicação de Cid Ferreira Gomes (Pros) para compor o quadro ministerial do segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff (PT) causou frisson no meio político: indignação para uns, satisfação para outros. Mas, como compreender tal indicação sem pender ingenuamente para qualquer um desses lados?
Antes de tudo, convém lembrar que Cid saiu de 2014 como um grande vencedor: escolhendo Camilo Santana (PT) para concorrer à sua sucessão, sagrando o próprio partido do candidato e abrindo mão de outros nomes de seu partido mais ligados a si, Cid empenhou uma derrota a adversários de peso, que uniram-se (in) formalmente para derrotar não Camilo Santana, mas Cid, uma vez que foi sua gestão e seu modo de fazer política quem esteve em disputa. Além disso, manteve a tradição de eleger a maior bancada na Assembleia Legislativa com nomes de seu partido.
Mas, quanto à indicação ao ministério, como compreendê-la? Convém lembrar, antes de tudo, que Cid e Ciro foram nomes importantes dentro do PSB no intuito de fazerem o partido continuar na base aliada de Dilma e apoiar sua reeleição, confrontando-se de frente com os interesses de Eduardo Campos. Uma vez vencidos, mudaram de partido para darem o apoio a Dilma Rousseff.
Cid também havia sido importante para a reeleição de Luizianne Lins em 2008 e para a histórica derrota de Tasso em 2010, sonho de dez em cada dez petistas do Ceará. Foi o maior cabo eleitoral da eleição de 2014 no estado, garantindo mais uma vez uma histórica votação para Dilma, numa eleição cujo clima de anti-petismo atingiu os maiores índices. Enquanto a chapa opositora dizia ser “da base aliada”, foi Cid quem, de fato, levantou a bandeira da candidata petista.
No presidencialismo de coalizão governos são montados levando-se em consideração apoios recebidos durante a campanha, ainda na primeira hora, quando, de fato, as alianças são as mais programáticas possíveis. E nesse momento Cid já estava lá.
Mas, considerando-se as expressivas votações que o PT teve nas últimas eleições no Ceará, sempre acima dos 60%, e as poucas promessas que se fizeram ao cearense que, de fato, foram cumpridas (Siderúrgica e Refinaria, por exemplo), um ministério como o da Educação foi o mínimo que o Governo Federal pôde oferecer ao nosso Estado. Que venha, com o peso político de Cid Gomes e de deputados federais eleitos (Luizianne e Moroni entre eles), o cumprimento de um número maior de promessas a nós feitas durante as últimas campanhas presidenciais.
Emanuel Freitas
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Professor de Sociologia (Ufersa)