Durante a campanha que o elegeu, Camilo Santana (PT) sempre responsabilizou a greve de 2011-2012 e a quebra da autoridade dentro da Polícia Militar pelo descontrole no número de homicídios no Ceará. Uma vez empossado, o governador eleito mostra que não era só discurso, mas convicção real. Há estratégia casada com a gestão antecessora de buscar a pacificação em todos os gestos. Em seus meses de despedida, Cid Gomes (Pros) puxou para si todas as ações antipáticas perante a tropa, com a punição de aliados do Capitão Wagner (PR) e de militares considerados insubordinados. Essa atitude, inclusive, inviabilizou politicamente aquilo que Camilo pretendia, que era manter o secretário Servilho Paiva na Segurança. Porém, Cid e Camilo optaram pelo caminho de adotar todas as medidas geradoras de desgaste até dezembro. Deixar todo o desgaste para o secretário e para o governador que se despediam. E entregar o novo governo zerado de pendências. Apenas com a agenda positiva por construir. E, por isso, necessariamente com um novo secretário. Nessa estratégia, Servilho foi “sacrificado”. É a estratégia tão comum em filmes, do “policial bom” e “policial mau”. Sendo que o “mau” já foi embora e deixou para o “bom” a condução daqui para a frente. Resta ver até quando o “policial” que restou segura sozinho a imagem de “bom”. Recuperar a autoridade do governo sobre a tropa – abalada desde 2011 – é condição para qualquer política de segurança dar certo. Porém, é equivocado acreditar que apenas isso justifica a crise de violência. Restituir a boa relação com os militares estaduais é condição, mas não é o bastante.