O governador eleito Camilo Santana (PT) apresentará no dia 9, em encontro com governadores eleitos do Nordeste, proposta de um novo tributo, nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), para ampliar o financiamento da saúde. Ele defende que o novo tributo, ao contrário de seu antecessor, tenha regras mais bem amarradas. O foco seriam as grandes movimentações financeiras, isentando pequenos correntistas.
Ele também defende que o texto especifique as porcentagens que cabem a municípios, estados e União, sendo impedido também o uso dos recursos em outras áreas. “A CPMF foi desvirtuada porque os recursos foram usados para outros fins, o que seria proibido com essas novas regras”.
O petista cobra com frequência o aumento de repasses federais para o setor. “No Ceará, 92% das pessoas utilizam a saúde pública e o custeio é muito alto. Sabemos que houve perda gigantesca com o término da CPMF, que na época era em torno de R$ 40 bilhões por ano”.
A proposta de Camilo foi discutida com outros governadores petistas eleitos no Nordeste, na semana passada, em Fortaleza. A ideia foi apresentada e teve aval da presidente Dilma Rousseff na sexta-feira. A sugestão, porém, tem recebido críticas de opositores de Camilo, a começar pelo senador Eunício Oliveira (PMDB).
Programa de governo
Se Camilo vem tentando ampliar as receitas do Estado, no seminário em que se debate seu programa de governo, pessoas ligadas a ele tentam fazer as propostas caberem no orçamento. “Pessoal, nas reuniões da equipe de transição, todas as secretarias pedem a mesma coisa: mais dinheiro e concurso público”, comentou o fotógrafo Tiago Santana, irmão do governador eleito e membro do comitê de cultura.
Já o pai de Camilo e coordenador de seu programa de governo, o ex-deputado estadual Eudoro Santana, afirmou que a gestão Cid Gomes atingiu um pico de investimento e que agora, surge a demanda por custeio. “Investir é relativamente fácil”, afirma.
Nesse cenário, perguntado se acredita que as propostas ali apresentadas serão executadas, Gustavo Moreira, dirigente do sindicato dos Policiais Civis, afirma que “a gente sabe que são muitas ideias, muitas propostas, e eu acho que nem tudo será cumprido”. Entretanto, o policial diz que “a gente tem que ter esperança” e que, como cidadão, cobrará o cumprimento.