BOM MODELO, MAS CHEGA TARDEInteressante a metodologia adotada por Camilo Santana (PT) para formular seu plano de governo, trazendo pensadores interessantes e qualificados e abrindo espaços para a população opinar. Mas isso tudo podia ter sido feito antes. A participação e a construção coletiva são princípios norteadores do que há de mais atual e bem-sucedido em gestão. Mas não pode servir para justificar que o eleitor vote sem conhecer o programa do candidato. Era possível fazer tudo isso e entregar o programa antes da eleição. Espanta-me, e lamento muito, inclusive, que o eleitor ainda aceite votar sem que o programa seja apresentado. Como já mencionei outras vezes, o programa pode ser um problema para candidatos, que são alvo de cobrança e potenciais críticas, Marina Silva que o diga. Justamente por isso, são valiosos para os eleitores. Servem para acompanhar e fiscalizar os governos, comprometidos com metas reais.
Com todo o interessante modelo de debate feito por Camilo, fico me questionando a situação do eleitor que votou no candidato esperando uma coisa e de repente se deparar com propostas com as quais não concorda no plano de governo. Afinal, mesmo que o modelo seja participativo, todo governo precisa contrariar interesses, mexer em questões polêmicas. A não ser que não faça nada de importante. Se o eleitor, então, descobrir que discorda do que o candidato em que votou propôs, pois o plano só saiu depois da eleição? É, do ponto de vista do processo democrático, bem complicado e equivocado.