A Procuradoria Regional Eleitoral do Ceará (PRE-CE) pediu ontem envio de tropas da Força Nacional de Segurança para garantir a normalidade do 2º turno das eleições na Região Metropolitana de Fortaleza. Segundo a PRE-CE, a medida é necessária diante de denúncias de Cid Gomes (Pros) da existência de “milícias” na Polícia Militar do Estado e do acirramento entre o grupo do governador e aliados do vereador Capitão Wagner (PR) na corporação.
Segundo a assessoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE), a decisão foi tomada pela PRE-CE em diálogo com a presidente da Corte, Iracema do Vale. O pedido será protocolado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo TRE-CE, que irá notificar o Governo do Estado questionando sobre a real necessidade de ajuda federal. Caso o governador concorde, a Corte deve reforçar o pedido de tropas.
Acirramento
“Tem-se situação de notório acirramento de ânimos considerando o engajamento em campanha eleitoral do candidato Capitão Wagner, candidato mais votado ao cargo de deputado estadual, opositor do grupo político liderado pelo governador Cid Ferreira Gomes”, diz a PRE.
De acordo com o Ministério Público Eleitoral (MPE), a presença de tropas federais seria necessária na Região Metropolitana de Fortaleza, incluindo os municípios de Caucaia, Maracanaú, Maranguape e Pacatuba, além da capital.
A ideia seria evitar o cerceamento das atividades da PM, bem como da “prática esdrúxula” de manter viaturas estacionadas em pontos fixos, o que, no entendimento da PRE, prejudicou a repressão à boca de urna e de outros crimes eleitorais no dia 5 de outubro.
No dia da votação no primeiro turno, o governador deu declarações de que uma “milícia” estaria atuando para desequilibrar a disputa em benefício de Eunício Oliveira (PMDB). Segundo Cid, militares ligados ao grupo estariam prendendo apoiadores de Camilo Santana (PT). O próprio governador passou parte do dia numa delegacia de Sobral, após um vereador do Município, seu aliado, ser detido acusado de comprar votos.
Capitão Wagner, aliado a Eunício, rebateu as acusações de Cid afirmando que o governador faz discurso de quem “viu possibilidade de perder o poder” para o peemedebista. O próprio Wagner disse que iria sugerir a Eunício que pedisse intervenção federal para garantir a realização de uma eleição “limpa” no segundo turno.
SERVIÇO
Procuradoria Regional Eleitoral no Ceará
Site: www.prce.mpf.mp.br/pre
Para entender o caso
Cid acusa “milícia”
Na noite de 5 de outubro, dia da eleição, o governador Cid Gomes (Pros) declara que militantes do candidato ao governo Camilo Santana (PT) foram vítimas de uma “milícia” na Polícia Militar comandada pelo vereador e deputado estadual eleito Capitão Wagner (PR), aliado do candidato ao governo Eunício Oliveira (PMDB). Segundo Cid, a “milícia” agiu “prendendo direcionadamente militantes da campanha do Camilo, direcionadamente, organizadamente”.
Cid, licenciado para se dedicar à campanha de Camilo, afirma que voltará ao governo para apurar a conduta desses policiais. “Denunciar esse tipo de postura, isso é terrível, imagine quando a força que é para cuidar da segurança comece a cuidar de interesse politiqueiro, isso é o pior dos mundos”.
Ciro pede nomes
O trabalho da PM durante a votação também foi alvo do secretário da Saúde do Estado, Ciro Gomes (Pros). Em seu perfil no Facebook, o irmão do governador compartilhou o vídeo que mostra a abordagem policial a uma advogada no domingo e pediu aos internautas que enviassem os nomes de policiais que não tenham agido de acordo com as regras. “Polícia mancomunada com milícia e narcotráfico não é polícia, é bandido! Mandem nomes por inbox! Não vai ficar nenhum!”, escreve Ciro.
Wagner sugere Força Nacional
Wagner responde dizendo que a Polícia Militar não fez nada além de reprimir boca de urna e outros crimes eleitorais, e sugere a Cid que peça auxílio federal.
“Se ele suspeita de que haja qualquer favorecimento, ele pode chamar a Força Nacional, o Exército para trabalhar nas eleições. Vou até sugerir ao nosso candidato Eunício que possa interceder para que a gente tenha intervenção federal na segurança pública na época do segundo turno”.