A coluna tratou algumas vezes do vexame completo que era os candidatos Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) não divulgarem programa de governo. Desrespeito com o eleitor que ambos têm a oportunidade de corrigir com o segundo turno. Até agora, há apenas duas peças, que chegam a ser engraçadas de tão superficiais e vagas, apresentadas à Justiça Eleitoral com o nome de “diretrizes”. Do lado de Eunício Oliveira (PMDB), o discurso é de que o documento com as propostas será apresentado nos próximos dias. É bom mesmo, se não a campanha termina. Aliás, é isso que a campanha de Camilo Santana (PT) informa que fará: apresentará o programa depois da eleição. Isso mesmo, você não leu errado. Conforme informou o jornalista Renato Sousa no O POVO de ontem, o documento com as propostas do petista só será tornado público com o próximo governador já eleito. Ora, ora. Se o eleitor que votar em Camilo não concordar com o programa que vier a ser apresentado, o que poderá fazer? Pede o voto de volta? Faz um recall eleitoral? Mais inusitado será se o candidato for derrotado. Aí, o que farão com o programa? Mostrarão para dizer: “Olhem só o que estão perdendo, quantas propostas que não serão adotadas”. Nosso Ceará velho de guerra se supera mais uma vez.
Quanto a Eunício, a campanha sustenta que o programa há de sair antes de o eleitor votar. Aguardemos. Curioso é o argumento: “Não deu tempo”. Do lado de Camilo até se entende, pois o candidato foi lançado de última hora. O processo foi mesmo tão atropelado quanto possível. Mas Eunício se lançou candidato desde 2013. Não há justificativa para o improviso.
IMAGINE AS OBRASCom os dois candidatos a governador que seguem em campanha atrasadíssimos com seus programas de governo, é o caso de o eleitor ficar com pulga atrás da orelha: se demoram na apresentação do documento com as propostas, imagine como não será com as obras e ações com que se comprometerem. CORRIDA PARA REVERTER A VOTAÇÃO NOS REDUTOS DOS PRETERIDOSA coluna tratou ontem das derrotas governistas em municípios controlados por aliados. O caso mais emblemático foi Tauá, terra de Domingos Filho (Pros), ex-vice-governador, preterido em favor de Camilo Santana (PT) como escolha para concorrer a governador. Como abordado ontem, houve rebelião das bases eleitorais, ainda indignadas com o processo de escolha do candidato. Esse sentimento foi bem explorado por Eunício Oliveira (PMDB). O candidato encerrou sua campanha no primeiro turno em Tauá. Sobre o palanque, o deputado federal Genecias Noronha (SD) fez questão de dizer que não estaria com o peemedebista caso Domingos fosse candidato. Eunício emendou que sabia que a campanha seria mais difícil contra o líder político dos Inhamuns, que seria, segundo disse, um candidato mais qualificado.
Para o segundo turno, porém, o filho de Domingos Filho, deputado federal reeleito Domingos Neto (Pros), acredita que a situação será revertida. Ele considera que o protesto do eleitor que não aceitou a escolha de Camilo já foi feito e já foi percebido. Além disso, como os parlamentares votados na região já estão eleitos mesmo, terão mais condição de “pressionar” os próprios eleitores, apertar para que votem no candidato do governo, sem o risco de perder o próprio voto. Segundo o deputado, para os eleitores mais insatisfeitos com o governo, ele diz que votar em Camilo será como se votasse de novo nele, Domingos Neto.
A conferir se a estratégia conseguirá a virada. Afinal, além dos líderes políticos poderem pressionar o eleitor, eles serão também pressionados pela cúpula governamental.
MAURO VENCEU TASSO EM 63 MUNICÍPIOSApesar de o resultado ter sido bem mais apertada do que sinalizavam as pesquisas, a vitória de Tasso Jereissati (PSDB) para o Senado não foi exatamente um sufoco. Foram 741 mil votos de diferença e 18,54 pontos percentuais de frente. Mesmo assim, Mauro teve desempenho surpreendente, sobretudo no Interior. Quase metade da diferença se concentrou na Capital. E o ex-secretário da Fazenda de Cid Gomes (Pros) saiu vencedor em 63 municípios – Tasso venceu em 121. Em alguns casos, a vitória de Mauro foi categórica. Sobretudo Solonópole, onde teve 78,96% dos votos válidos e Tasso, 20,64%, e em Barroquinha (77,24% x 22,5%). Confira a lista completa dos municípios onde Mauro venceu no blog Eleições 2014 (http://bit.ly/1vRTU34).
CHAPA DIL-TASSONos 121 municípios em que Tasso Tasso Jereissati (PSDB) venceu, Dilma Rousseff (PT) foi a mais votada para presidente. Aliás, neles e nos outros 63 em que deu Mauro Filho (Pros). Mas há casos curiosos em que a votação de Tasso praticamente coincide com a de Dilma. Em Baixio, Tasso teve 83,42% e Dilma, 85,32% dos votos válidos. Em Fortim, Tasso teve 75,17% e Dilma, 76,32%. Em Limoeiro do Norte, o senador eleito pelo PSDB teve 74,01% e a presidente e candidata à reeleição alcançou 75,51%. Em Quiterianópolis, o tucano teve 87,22% e a petista ficou com 82,96%. Em Russas, Tasso, 71,18% e Dilma, 70,91%. Matematicamente, deduz-se que houve muita gente votando nos lados opostos.