Os eleitores que foram às urnas no último domingo optaram por não reeleger nomes clássicos da política cearense. Entre os principais, estão o deputado federal Mauro Benevides (PMDB), que completaria 60 anos de carreira política em 2015, e o deputado estadual Fernando Hugo (SD), atual decano da Assembleia Legislativa.
Além deles, chama atenção também o caso de políticos que não conseguiram se eleger para cargos menores, como o senador Inácio Arruda (PCdoB), candidato a deputado federal, e o deputado federal Artur Bruno (PT) que não foi eleito deputado estadual.
Se reeleito, Benevides seguiria para seu quinto mandato na Câmara, em 2015, quando completaria 60 anos de carreira. Com 60.196 votos obtidos, ele se torna primeiro suplente de sua coligação. “A roda política às vezes gira em favor, às vezes em desfavor. A gente tem de conviver com a orientação dos ventos políticos, esse nos surpreendeu”, disse Mauro.
Para ele, candidatos novatos como Moroni Torgan e Moses Rodrigues tomaram as vagas dele e do deputado federal Mário Feitoza (PMDB). Como primeiro suplente de sua coligação, Benevides aguarda ser convocado para assumir mandato ou para “outras atividades”.
O deputado Fernando Hugo (SD), decano da Assembleia com 24 anos de atuação, também não conseguiu se reeleger, mas evitou, publicamente, associar a derrota a fatores externos. Ele destacou que refletirá sobre sua atuação no parlamento. No entanto, nos bastidores, o deputado ressaltou a compra de votos como um dos problemas do pleito deste ano.
Para o senador Inácio Arruda, 2014 também marca uma ruptura na sua carreira política. Neste ano, ele viu partidos aliados do PCdoB indicarem o nome de Mauro Filho (Pros) para disputar sua vaga. Em reviravolta no PCdoB, candidatou-se a deputado federal, cargo que ocupou por três mandatos. Não funcionou. Tasso Jereissati (PSDB) é o novo senador e Inácio não obteve votos suficientes para ser deputado.
Ele prefere não palpitar se o destino teria sido diferente caso disputasse o Senado e faz um adendo: “A luta política não fica esperando que você pense, raciocine e demore, imediatamente temos outra responsabilidade”. A meta agora, segundo ele, é reeleger Dilma Rousseff (PT) e eleger Camilo Santana (PT) para o governo.
O segundo turno também é o projeto a curto prazo do deputado federal Artur Bruno, o sexto parlamentar mais votado em 2010, mas derrotado neste ano.
Professor de História e Geografia há 36 anos, o deputado diz que nunca abandonou as salas de aula e que, após o segundo turno, a tendência é ampliar a atuação no magistério. Mesmo assim, a atuação política, garante, será mantida. “Se vou me candidatar no futuro, o tempo dirá”, pontua.
NÚMEROS
47%
dos deputados em exercício na AL-CE não foram reeleitos para novo mandato
45%
dos atuais 22 deputados federais em atividade não reassumirão mandato na Câmara Federal em 2015
Multimídia
Confira em detalhes como foi o desempenho dos candidatos a governador, senador e deputados no Ceará:
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Fernando Hugo
Tem 61 anos e foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1990. Em 2014, completa seu sexto mandato na Assembleia. Formado em Medicina, não abandou a atuação médica em Fortaleza. Ao repercutir a derrota, Hugo destacou que refletirá sobre sua atuação política.
Artur Bruno
Tem 55 anos e é formado em Pedagogia. Foi vereador de Fortaleza de 1989 a 1994. Depois, atuou como deputado estadual por quatro mandatos. Em 2010, foi eleito deputado federal. A partir de 2015, pretende se dedicar mais ao magistério e manter atuação política no PT estadual e junto a movimentos sociais.
Mauro BenevidesDesde 1955, foi vereador, deputado estadual, deputado federal e senador. Assumiu interinamente o Governo por 12 vezes e a Presidência da República por 48 horas. Como 1° suplente, aguarda ser convocado para a Câmara e diz que manterá atuação política no Estado.
Inácio ArrudaDesde 1988, Inácio Arruda, 57, foi vereador de Fortaleza, deputado estadual e deputado federal. Em 2006, foi eleito senador. Disputou a Prefeitura de Fortaleza em 2000, 2004 e 2012. Terceiro suplente, Inácio diz que ainda não pensou sobre o futuro, a meta atual é focar no segundo turno.
Saiba mais
1. PARTIDOS
O PT foi o partido que mais perdeu bancada na Assembleia. Saem Dedé Teixeira, Rachel Marques, Camilo Santana, Nelson Martins e Professor Pinheiro. Em 2015, entram Elmano de Freitas e Moises Braz. O PSD também sofreu baixas. De cinco deputados, saem Leonardo Pinheiro, Professor Teodoro e Rogério Aguiar.
2. ESTADUAIS
Saem Adail Carneiro (PHS), Augustinho Moreira (PV), Delegado Cavalcante (PDT), Eliane Novais (PSB), Hermínio Resende (Pros), Idemar Citó (DEM) , Lula Morais (PCdoB), Mário Hélio (PMN), Mauro Filho (Pros), Nelson Martins (PT), Neto Nunes (PMDB), Paulo Facó (PTdoB), Teo Menezes (DEM) e Vanderley Pedrosa (PTB)
3. FEDERAIS
Deixam a Câmara Federal em 2015 os deputados Mário Feitoza (PMDB), Vicente Arruda (Pros), Ariosto Holanda (Pros), Edson Silva (Pros), Eudes Xavier (PT), João Ananias (PCdoB), Manoel Salviano (PSD) e José Linhares (PP). Alguns não chegaram a disputar o pleito como João Ananias e Manoel Salviano.
4. NÚMEROS
O deputado estadual eleito em primeiro lugar no Ceará foi Capitão Wagner (PR) com 194.239 votos. Em último lugar, entrou Júlio César (PTN), com 23.624. O deputado federal mais votado foi Moroni Torgan, com 277.774 votos. A última vaga ficou com de Chico Lopes (PCdoB), com 80.578 votos.