Governador Cid Gomes passou mais de três horas na delegacia de Sobral e só deixou o local com liberação de vereador (de vermelho)
FOTOS TATIANA FORTES
Uma disputa paralela de poder marcou a eleição neste 5 de outubro de 2014. Foi a queda de braço entre o governador Cid Gomes (Pros) e boa parte da Polícia Militar que apoia o vereador de Fortaleza, e agora deputado estadual eleito, Capitão Wagner (PR).
Desde as primeiras horas do domingo de eleição, não foram poucas as denúncias. Policiais militares (de serviço nas zonas eleitorais, nas ruas de Fortaleza e em alguns municípios do Ceará) estariam fazendo “vista grossa” a quem fazia boca de urna para o candidado ao governo Eunício Oliveira (PMDB) e para Wagner.
Ao mesmo tempo, estariam reprimindo a ação dos militantes da candidatura de Camilo Santana (Pros) - nome apoiado pelo governador.
A guerra estava posta e, além de anônimos, até assessores do governo cearense ligaram para a Redação do O POVO denunciando supostas irregularidades cometida por agentes da segurança do Estado.
O delegado Frederico Malta, controlador-adjunto de disciplina do Estado, disse que seis viaturas da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) estavam nas ruas da Região Metropolitana de Fortaleza. A ordem era checar qualquer boato. Parte dos policiais da CGD trabalhou à paisana. No fim do dia, apenas duas denúncias viraram registros. Sem entrar em detalhes, Malta informou que se tratava de provável de “destrato a duas advogadas”.
Enquanto isso, em Sobral, reduto eleitoral dos Ferreira Gomes, a queda de braço entre Cid Gomes e parte da PM que apoia o Capitão Wagner ficou explícita. A prisão do vereador Antônio Gaudêncio (Pros) escancarou a rusga. O parlamentar foi acusado de estar distribuindo cédulas de R$ 50 e santinhos de Leônidas Cristino, candidato a deputado federal e aliado de Cid. O governador não se conteve e expôs o incômodo “com a milícia que começava a tomar o aparato da segurança pública do Ceará”.
Para defender o vereador acusado de compra de votos, Cid Gomes denunciava na delegacia que, naquele momento, “estavam acontecendo em vários lugares (do Ceará)” ações semelhantes à ocorrida em Sobral com seu aliado político.
Cid Gomes foi pessoalmente à Delegacia Regional de Sobral tentar soltar “o amigo de mais de 20 anos”. Afirmou que só sairia de lá quando Antônio Gaudêncio fosse libertado.
O governador, que se licenciou do cargo para fazer campanha para Camilo Santana, passou mais de três horas na delegacia. “Ele (o vereador) foi vítima de um absurdo. Passou mais de 5 horas para prestar um depoimento”, desabafou Cid Gomes. Para o Capitão Wagner, Cid está com medo de perder o poder e que a “polícia mostrou que não vai mais se submeter ao Governo de plantão. E no segundo turno a história não será diferente”.
Saiba Mais
1. CARIRI
Na Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, foram detidas cinco pessoas por compra de votos (foto). Com elas a Polícia apreendeu R$ 420. Dois foram flagradas por boca de urna. Além disso, três veículos foram apreendidos. Segundo a Polícia, crimes comumente registrados aos domingos foram praticamente “zero”. Não foram registradas violações da Lei Seca que gerassem detenções ou multas. (Renato Sousa)
2. ACUSAÇÃO
O vereador Carlos Mesquita (PMDB) foi detido, no começo da tarde de ontem, no bairro Álvaro Weyne, acusado de envolvimento em esquema de compra de votos a favor da campanha do agora deputado estadual Ivo Gomes (Pros). Mesquita esteve na Superintendência da Polícia Federal e nega as acusações.
Ele diz que pegou carona de um militante e que no carro havia material de campanha pró-Camilo Santana (PT), sobra do que foi usado em carreta em favor do petista, realizada no sábado à noite. “Não sei de dinheiro nem compra de votos”, reforçou Mesquita para o Blog do Eliomar, sem mais detalhes.