Incerteza dentro da incerteza
Na noite deste sábado, serão divulgadas as últimas pesquisas antes da votação, realizadas na véspera do pleito. Os números mais recentes todos têm apontados mudanças lentas, graduais, o que sugere que qualquer alteração brusca em relação em relação aos números mais recentes será surpresa. Pelas indicações mais recentes, as pesquisas dificilmente darão sinais conclusivos. Seja para presidente da República ou para governador do Ceará, pode haver segundo turno ou não. No Estado, se não houver segundo turno, tanto Eunício Oliveira (PMDB) quanto Camilo Santana (PT) pode vencer já no primeiro turno. Nacionalmente, só Dilma Rousseff (PT) pode vencer já no primeiro turno, salvo o mais brutal erro nas pesquisas que já se tenha visto. No caso de segundo turno, não está claro se será Marina Silva (PSB) ou Aécio Neves (PSDB) quem terá a oportunidade de impedir a reeleição da atual presidente. A última pesquisa nacional saiu ontem. A estadual, um dia antes, aqui no O POVO. É difícil que amanhã se apresenta cenário mais conclusivo. Provavelmente, o eleitor levará a interrogação para a urna.
Até por que há um ponto que nunca é demais lembrar: pesquisas erram. Costumam acertar mais que se equivocar, mas sempre pode haver surpresas nas urnas. Elas bebem na ciência estatística, mas há as margens de erro, que nunca podem ser desconsideradas. O nível de precisão dos institutos não é capaz de apresentar números exatos, mas um intervalo, em qualquer parte da qual pode estar o resultado. Daí a margem de erro para mais ou para menos. Se for de três pontos percentuais, há intervalo de sete pontos no qual o candidato pode estar em qualquer deles. Se for de dois pontos, o intervalo é de cinco pontos.
Além disso, há o chamado intervalo de confiança, que é convencionalmente de 95%. Isso quer dizer o seguinte: há 5% de chance de o resultado da pesquisa está fora da margem de erro. A possibilidade de acerto é de 95%, muito maior. Mas os 5% de possível erro não são coisa pouca. Ainda mais diante da quantidade de pesquisas que são feitas, se cinco em cada 100 estiverem equivocadas, isso é coisa para caramba. Quer dizer que pesquisas não servem, então, para nada? Claro que não é assim, são referências relevantes, mas jamais definitivas.
Em resumo, as pesquisas mostram jogo bastante embolado nos vários níveis e ainda há chance de estarem erradas. Certeza, só com os votos contabilizados.
DESRESPEITO QUE ECOA DO FUNDO DO POÇOO Legislativo tem como função ser a representação do povo e, por isso, é o mais importante dos três poderes para a democracia. Por isso, é tão grave, irresponsável a postura dos parlamentares do Ceará e de Fortaleza. Anteontem, O POVO mostrou que, pela quarta vez em dois meses, desde que voltou das férias de meio de ano, a Assembleia Legislativa deixou de realizar sessão por falta de quórum. E isso por que os deputados decidiram reduzir as quatro sessões semanais a apenas uma. Afinal, quase todos são candidatos a alguma coisa e não querem gastar com o trabalho para o qual foram eleitos o precioso tempo que podem dedicar a buscar votos.
Ontem, O POVO mostrou que a situação da Câmara Municipal de Fortaleza é ainda mais grave. Desde agosto, quando voltaram das férias, as faltas dos vereadores impediram a realização de nada menos que 16 sessões. Os dias de trabalho efetivo foram apenas dez de agosto para cá. E eles normalmente se reúnem em três manhãs por semana: terça, quarta e quinta-feira. Já não há expediente segunda e sexta. Vários deles são candidatos, mas não há eleição para vereador neste ano. Em dois meses, consideradas as três sessões semanais, foi mais de um mês inteiro sem sessões por faltas sucessivas.
Mais grave ainda, nesse intervalo, pela primeira vez na história da cidade, um vereador – A Onde É (PTC) – foi preso, acusado de extorquir assessor. Diante de tal conjuntura, e quando muitos são candidatos e, portanto, deviam ao menos manter as aparências diante do eleitor, os sujeitos fazem tanto quanto possível para desmoralizar um Poder tão importante para a população. O nível de descompromisso com a instituição à qual pertencem e com o povo que deviam representar é assustador.
A mesa diretora – cujo presidente, Walter Cavalcante (PMDB), está no rol de candidatos – tem o dever de cortar o ponto dos faltosos. É inaceitável que o povo de Fortaleza pague por quem não trabalha, em momento de crise aguda do Legislativo, às vésperas da eleição e com um parlamentar atrás das grades. Deviam ter vergonha.
VOTO DISPUTADONesta fase final de campanha, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) passou a ser dos mais cobiçados cabos eleitorais e sua imagem, objeto de disputa. Gravações foram usadas por aliados de Eunício Oliveira (PMDB) para atingir Camilo Santana (PT) e houve tentativa de atrelar sua imagem à da candidatura peemedebista. Nos últimos dias, até uma daquelas pesquisas telefônicas, feitas por gravação, foi realizada para saber se o eleitor votaria em candidato apoiado por ela e para aferir o nível de conhecimento sobre quem ela apoia. O interesse é fácil de entender. Luizianne é o mais importante cabo eleitoral do Ceará que não apoia nenhum candidato a governador nem a senador. Apesar dos acenos peemedebistas e dos desencontros com a coligação petista, a candidata garante que não apoiará mesmo nem Camilo nem Eunício. Cuida de sua própria campanha a deputada federal e da de Dilma Rousseff (PT).