Há um dia de diferença entre o fim da aplicação da pesquisa Datafolha, que O POVO divulgou domingo, e o início do Ibope, divulgado ontem pela TV Verdes Mares. Como já ocorrera na rodada de pesquisas anterior, no início do mês, o Ibope mostra os dois líderes ligeiramente acima do patamar em que os coloca o Datafolha. A diferença de Eunício Oliveira (PMDB) para Camilo Santana (PT) é um pouco menor: sete pontos na primeira, cinco na segunda. Evidentemente, a maior proximidade é boa para Camilo, apesar de a diferença estar dentro da margem de erro.
Com pesquisas diferentes, usando metodologias diferentes, não é recomendável tratar uma como evolução da outra. De todo modo, no fundamental, o comportamento que o Ibope aponta é similar ao identificado no Datafolha. Camilo sobe, embora sem a ênfase inicial. Eunício resiste e até avança. Considerada a margem de erro de três pontos percentuais, o Datafolha já projetava que o peemedebista poderia estar com o percentual obtido, de 43%. Porém, os 38% obtidos por Camilo são índice que o petista não poderia alcançar na pesquisa que O POVO divulgou domingo, mesmo com a variação máxima da margem de erro.
A grande novidade na pesquisa de ontem: com três pontos de margem de erro para mais ou para menos, pela primeira vez há empate técnico. Eunício pode ter entre 43% e 46%. Camilo, de 35% a 41%. Há uma zona de intercessão, portanto. Por outro lado, como os percentuais de Eliane Novais (PSB) e Ailton Lopes (Psol) são bem acanhados, mesmo com esse empate técnico, o peemedebista poderia vencer no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Tem 43%, contra 42% da soma dos demais.
Pela tendência do que apontam as pesquisas, se as coisas seguirem no atual rumo pela próxima semana e meia, a eleição pode caminhar para um segundo turno que parecia bastante improvável a princípio, devido à falta de mais candidaturas competitivas. Isso em função do impressionante equilíbrio, aliado a uma candidatura que cresce, enquanto outra fica estável.
Porém, nada garante que as coisas continuarão no rumo em que estão. Os dois lados guardam armas poderosas para os últimos dias. As ofensivas serão agressivas. A definição será nas ruas.
O PASSADO COMO MÉTODOVários relatos chegaram à coluna dando conta de “limpas” em bancas e livrarias em busca da revista IstoÉ com o governador Cid Gomes (Pros) na capa. Não sei se para impedir que circulem ou justamente para distribuir. Narram gente que chega aos estabelecimentos e gasta valores que chegam aos milhares na aquisição de todo o estoque da revista. Alguns desses compradores chegaram a ser interpelados por interlocutores da coluna. O relato foi de que a motivação era “trabalho da faculdade”. Chama atenção o método, que é velho, arcaico. Ainda mais que a reportagem está disponível integralmente na Internet. Por outro lado, sobretudo em pequenos distritos, em locais distantes, a chegada, ou não chegada, do exemplar impresso pesa de forma diferente. PERSONAGEM IMPROVÁVELA candidata a vice-governadora de Camilo Santana (PT), Izolda Cela (Pros), era a mais improvável dentre os pré-candidatos que o governador Cid Gomes (Pros) tinha como alternativa. Embora esposa do prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda (PT), político traquejado, ela sempre foi eminentemente técnica, pouco afeita às matreirices desse meio. Como secretária, teve os resultados talvez mais relevantes do governo, no ensino fundamental, ao coordenar a ação das prefeituras. Por outro lado, o desempenho foi decepcionante naquilo que seria sua responsabilidade direta: o ensino médio. Aliás, na entrevista de ontem à rádio O POVO/CBN, ela mesma admitiu que não esperava a queda na avaliação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nesse segmento de ensino. Como gestora, portanto, teve resultados bons e outros questionáveis. Como vice-governadora, impossível projetar como seria seu desempenho, até porque, como ela disse, seu próprio papel não está definido no caso de eventual vitória.
Para além desse mérito administrativo e eleitoral, há de se reconhecer a franqueza com que fala dos problemas. Sem deixar de ser enfática na defesa do que acha positivo, admite erros e o que precisa melhorar, sem subterfúgios. Isso é muito raro na administração pública. Em campanha eleitoral, ainda mais. Nem sei se essa forma sincera de avaliar mais ajuda ou atrapalha a busca por votos. Porém, certamente, demonstra respeito pela inteligência do interlocutor e do público.
ERREIPor descuido verbal, escrevi no quarto parágrafo da coluna de ontem: “(...) quando Eunício liderava”. O que evidentemente queria fazer, mas não fiz, era referência às primeiras pesquisas, quando essa liderança era bastante folgada. O candidato do PMDB, afinal de contas, segue na liderança. Isolado no Datafolha, em empate técnico no Ibope.