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O parlamento e a crise de representatividade - QR Code Friendly
Quarta, 24 Setembro 2014 06:12

O parlamento e a crise de representatividade

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  Amais recente pesquisa O POVO/Datafolha apurou que dois em cada três eleitores do Ceará ainda não definiram as suas escolhas para deputado estadual e federal. A duas semanas da eleição, 68% dos eleitores cearenses disseram não saber em qual candidato votará para compor a Câmara dos Deputados e 64% para a Assembleia Legislativa. Ironicamente, os parlamentares são os representantes do povo. Poderia até ser um sinal positivo de que o eleitor estaria adiando as suas escolhas como forma de amadurecer as definições. Porém, é muito mais razoável imaginar que se trata mesmo de distanciamento e desinteresse de uma parte do eleitorado. Não seria exagero também afirmar que outra parte significativa está apenas agindo de forma pragmática. Ou seja, a julgar pelos altos custos da disputa, esse eleitor aguarda o momento final para daí extrair algum ganho imediato. É evidente que as eleições proporcionais acabam prejudicadas pelo grande interesse gerado pela disputa majoritária. No Brasil, as eleições para cargos executivos são sempre casadas com as disputas para a composição dos parlamentos. A primeira sempre se sobrepõe à outra. Essa circunstância aumenta ainda mais o fosso entre o representante e o representado. Caso, daqui a alguns meses, os institutos de pesquisa fossem às ruas perguntar aos eleitores a relação dos seus votos parlamentares não seria surpreendente se a maioria tivesse grande dificuldade em responder. Esse desafio já pode até ser feito hoje. Quantos se lembram em quem votou para deputado estadual e federal em 2010? Pior, quantos se lembram em quem votou para vereador de Fortaleza há apenas dois anos, por exemplo? Está claro que uma população que tem dificuldade de saber quem a representa terá imensa dificuldade de fazer cobranças a seus representantes. O sistema eleitoral não ajuda. O meio político sabe que aproximadamente 50% dos votos dados a candidatos proporcionais não elege ninguém. Boa parte desses votos vai para uma coligação e ajudará a eleger quem nem sequer recebeu o sufrágio. Não é à toa a crise de representatividade na política brasileira.
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