Guálter George, editor-executivo de Conjuntura
A pergunta que se costuma fazer ao término de debates como o realizado ontem pelo Grupo de Comunicação O POVO entre os candidatos ao Senado Federal, é, basicamente, a mesma: quem ganhou? A primeira constatação, olhando-se o que aconteceu na hora e meia que durou o programa da noite passada, é que ninguém apresentou performance que se possa definir a participação como desastrosa. Nesse sentido, dá pra dizer que todos ganharam, já que os quatro participantes - Tasso Jereissati, Mauro Filho, Geovana Cartaxo e Raquel Dias -, com mais ou menos consistência a considerar, deram os seus recados políticos e puderam apresentar suas armas aos eleitores de forma direta.
Buscar vitoriosos e derrotados, por natural que seja, é uma maneira de simplificar a discussão, tirando dela uma complexidade que lhe é inerente. Há, por exemplo, quem mensure os resultados de um debate de campanha eleitoral apenas pela quantidade de sangue político que deixa derramado. Colocar os candidatos para brigar pode ser uma forma eficiente de atrair audiência, mas não serve ao propósito de oferecer ao eleitor mais um espaço de ajuda na construção de uma escolha séria. O clima de cordialidade que prevaleceu simboliza, segundo creio, um sinal de amadurecimento de um processo que consegue colocar uma candidatura do PSTU e outra do PSDB (representada por um grande empresário), olhando apenas para casos aparentemente extremos, em condições de igualdade e respeito dentro de um ambiente em que a disputa é pelas ideias. E o voto, claro.
Ao invés do vale-tudo, a combinação entre regras claras e um inteligente modelo de distribuição igualitária de tempo e protagonismo ofereceu ao eleitor, no final, uma oportunidade de ver o comportamento dos candidatos fora das caixinhas impostas por programas de TV plasticamente difíceis de serem diferenciados um do outro. Até o conteúdo, às vezes, mais mistura do que esclarece.