Candidatos no estúdio da TV O POVO: hora e meia de questionamentos deixou perguntas no ar
FOTO: FÁBIO LIMA
O primeiro debate entre os quatro candidatos ao governo do Ceará, veiculado no último domingo pela TV O POVO, suscitou ao menos duas polêmicas entre os concorrentes: a primeira, envolvendo a erradicação de lixões no Estado; a outra, a respeito do suposto uso irregular de águas do lago Paranoá no jardim da casa do senador Eunício Oliveira (PMDB) em Brasília. Em meio à guerra de versões, as questões terminaram inconclusivas.
A controvérsia sobre os lixões foi levantada por Eunício, tendo como alvo o ex-secretário das Cidades, Camilo Santana (PT), que é candidato ao Executivo com apoio do governador Cid Gomes (Pros). No bojo da pergunta do peemedebista, o fim do prazo determinado pelo governo federal para que os municípios brasileiros dessem fim a seus lixões e implantassem seus aterros sanitários. O prazo foi encerrado no dia 2 de agosto, mas a estimativa é de que o Ceará ainda tenha cerca de 280 lixões.
Já a polêmica sobre a mansão de Eunício em Brasília veio à tona a partir de questionamento da candidata do PSB, Eliane Novais, que se baseou em notícias publicadas em 2013 por veículos de imprensa.
De acordo com Eliane, o candidato estaria usando ilegalmente a água do Paranoá para regar o jardim de sua residência. No ano passado, reportagem da TV Globo que havia citado Eunício afirmava, também, que a Agência Reguladora de Águas do Distrito Federal (Adasa) notificaria os moradores responsáveis e, eventualmente, aplicaria multa de R$ 100 mil.
Confira abaixo o que O POVO verificou sobre os dois assuntos.
O POVO online
Veja o debate entre os candidatos ao governo do Estado:bit.ly/1txiYx3r
Tira-teima das polêmicas
1. LIXÕES
Eunício: “O Ceará fracassou na tarefa de erradicar lixões. A coordenação dos projetos (de aterro sanitário) foi feita pela Secretaria das Cidades. Nenhum foi construído”.
Camilo: “A responsabilidade pelo destino final (do lixo) é dos municípios. O que eu fiz foi inserir o Estado (no processo). Criamos 30 consórcios. Colocamos recursos para elaboração dos projetos. Hoje, são 12 projetos prontos. E há recursos garantidos para aterros do Cariri, Sobral e Limoeiro do Norte”.
O POVO: Por lei, é obrigação dos municípios prestar serviços públicos de interesse local – dentre eles, a gestão do lixo. Entretanto, o Governo Federal tem convocado os estados a auxiliarem nesse setor.
De acordo com a Secretaria das Cidades, o Estado apoiou a criação de 22 consórcios de aterros sanitários no Interior do Ceará – outras cinco prefeituras trabalharam, individualmente, em seus próprios projetos. Ainda segundo a pasta, desses 27 consórcios, foram garantidos recursos para 13 – parte dinheiro do tesouro estadual, parte de órgãos externos. A verba, no entanto, foi destinada apenas para a elaboração dos projetos. Somente três têm recursos para a construção dos equipamentos propriamente dita: Cariri, Sobral e Limoeiro, conforme disse Camilo. Sobre a performance do Ceará em relação ao Nordeste, o Ministério do Meio Ambiente disse não possuir dados por região. Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios mostra que o Ceará é o segundo estado nordestino com o maior número de aterros entre cidades com mais de 300 mil habitantes.
2. CASA DE EUNÍCIO
Eliane: “Reportagens mostram que o candidato está captando água, clandestinamente, do Lago Paranoá, em Brasília, para regar o jardim da sua mansão”.
Eunício: “Não é verdade. São dois terrenos: um deles pertencia a outro proprietário. A água do jardim da minha casa vem da rua. Não houve nunca essa questão”.
O POVO: Procurada, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que entre as residências notificadas por uso clandestino de água não há nenhuma no nome de Eunício Oliveira. Já a assessoria do candidato garantiu que a mansão citada é uma das várias propriedades registrada na declaração de bens do peemedebista. O POVO verificou que, em 2012, Eunício foi alvo de inquéiro policial por suposta obra irregular às margens do Paranoá, em uma de suas propriedades. No ano passado, o caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal.