O encadeamento dos resultados da primeira pesquisa O POVO/Datafolha no Ceará expõe um cenário bastante complicado para o candidato Camilo Santana (PT). Entrelaçados, os índices de intenção de voto e de rejeição dos dois principais concorrentes criam um caldo muito favorável para Eunício Oliveira (PMDB).
Atentem bem para a seguinte sequência de números: na consulta estimulada para o Governo, o senador do PMDB tem 47% de intenções de voto. Ou seja, se a eleição fosse hoje a fatura seria liquidada, com folga, já no primeiro turno. Um índice de rejeição muito baixo (16%) também conspira a favor de Eunício.LEIA TAMBÉMEunício Oliveira lidera disputa com 47%, Camilo Santana tem 19%Voto evangélico é desafio para CamiloAprovação de Cid cai de 65% para 46% no segundo mandatoAntes do começo da definição
Na pesquisa estimulada, Camilo Santana aparece com 19% das intenções de voto. Considerando que o horário eleitoral gratuito ainda vai começar, o resultado não representa o pior dos mundos para o candidato de Cid Gomes. Porém, o que mais pesa contra o petista é o índice de rejeição muito alto (30%). É possível que Camilo esteja no momento agregando a soma das rejeições contra o PT e contra o Governo.
A eleição para o Governo do Ceará está resolvida? Longe, muito longe disso. Há muitas variáveis atuando. O início da campanha na TV vai dar aos eleitores a clareza acerca dos palanques e das companhias de cada um dos candidatos. É evidente que essa circunstância pode alterar as percepções do eleitorado acerca dos candidatos.
Como já é clássico em campanhas eleitorais, as gestões usam os horários gratuitos para melhorar a avaliação. Uma enxurrada de publicidade dos feitos do governante eleva a sua avaliação positiva e, consequentemente, diminui a negativa. É óbvio que os candidatos patrocinados pela gestão pegam carona nesse processo.
Mesmo longe dos seus melhores momentos, a avaliação do Governo de Cid Gomes se mantém alta com 46% de ótimo/bom. Os 15% de ruim/péssimo são bastante aceitáveis para uma gestão que está próxima de completar oito anos. O alvo a ser atingido pela publicidade eleitoral é a faixa dos eleitores (34%) que consideram a gestão do governador “regular”. Uma parte destes acaba migrando para a coluna ótimo/bom.
Pesquisas eleitorais têm muito mais influência sobre os políticos do que sobre os eleitores. Isso quer dizer que seus resultados atuam sobre o humor de militantes, cabos eleitorais, políticos e patrocinadores. Uma boa e confiável pesquisa na mão sempre foi um ótimo argumento para um candidato conquistar apoios, incluindo os financeiros.
Numa política cujo componente adesista é sempre marcante, os resultados do Datafolha oferecem a Eunício Oliveira um ótimo argumento para atrair, por exemplo, prefeitos para o seu palanque. Os resultados também chegam com impacto em Brasília. É evidente que o comando nacional petista aumentará sua distância em relação à disputa local, mantendo Lula e Dilma Rousseff longe daqui. Situação que favorece ao candidato do PMDB.
Quem está atrás precisa atacar o líder. Esta é uma regra clássica das campanhas eleitorais. Para um crescer é preciso fazer com que o outro caia. A questão é: quem atacará Eunício e com quais armas? Notem que Ciro Gomes disparou os primeiros petardos e depois cessou o tiroteio. E agora?
Em tempo: se não me falha a memória, é a primeira vez na História do Brasil que um candidato a Presidência da República morre em plena campanha. Uma morte que pode gerar imensos efeitos na disputa política, inclusive no Ceará.