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Coluna Política - QR Code Friendly
Terça, 15 Julho 2014 06:44

Coluna Política

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  A revista Veja divulgou e diversos veículos de comunicação repercutem desde o fim de semana a possibilidade de Cid Gomes e seu grupo político deixarem o Pros e se filiarem, vejam só, ao PT. O movimento seria uma forma de a presidente Dilma Rousseff, caso reeleita, formar seu próprio grupo e ficar mais independente em relação ao ex-presidente Lula. A narrativa explora a recorrente ideia, nem sempre consistente, de crise na relação entra a presidente e o antecessor. Mas há outro enfoque que merece ser observado, a partir do núcleo cearense. Em outros momentos, já se cogitou a filiação dos Ferreira Gomes ao PT. Ainda em 2008, Ivo Gomes disse que se sentiria muito bem no partido. Em 2011, a possibilidade foi especulada em uma das várias crises entre a família e o então presidente do PSB, Eduardo Campos. No ano passado, antes de optarem pelo Pros, a opção petista foi de novo cogitada. E nunca deu em nada. Mas há ingredientes novos. Em menos de um ano, a relação entre o grupo cearense e a direção nacional do Pros já sofreu vários desgastes. Também pudera. Eles já entraram no partido discordando da principal – e praticamente única – bandeira, que é a redução de impostos. E desde o início sinalizaram intenção de mexer no programa, na estrutura. Não podia dar certo e não está dando. Houve divergências graves em relação a votações no Congresso Nacional e também quanto a intenção de dirigentes nacionais de apoiar Eunício Oliveira (PMDB). Então, é bastante provável que, pouco depois das próximas eleições, os Ferreira Gomes realmente mudem de partido. A escolha do petista Camilo Santana como candidato à sucessão no Estado onde o Pros é mais forte no País foi sinalização de que o grupo não prioriza o fortalecimento da sigla. Ciro Gomes já tinha a clara meta de, em caso de sucesso eleitoral, se voltar para as articulações nacionais e na reformulação da legenda. Mas houve turbulências no meio do caminho. Fica a interrogação sobre quão longe estarão os irmãos dispostos a ir num partido sem expressão, complicado e bem menos promissor do que pareciam PSB e mesmo PPS. No caso de Ciro não ser bem-sucedido na mudança que pretende empreender, a porta da rua será a serventia da casa. O destino, então, poderá ser o PT? A opção por Camilo pode ser indício de que sim, mas não o único. A própria escolha do candidato foi resultado da circunstância principal: a trajetória política de Cid se tornou indissociável, nos últimos oito anos, do projeto petista federal. Sobretudo ao embarcar numa legenda pouco mais que inexpressiva, quando ai mesmo que ficou dependente do aliado federal. Porém, a entrada no PT não será sem resistência – que já começou, só diante das primeiras notas publicadas. Haverá oposição em vários grupos, inclusive nos mais ligados ao governador, que fatalmente perderão o controle da sigla. Por outro lado, independentemente das garantias que recebam na filiação, os Ferreira Gomes jamais controlarão o PT sem hegemonia junto à militância, o que nunca foi especialidade do grupo. A possibilidade é menos absurda do que parece, mas também não é nada simples.
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