Se os candidatos a governador em 2014 gastarem o valor que informaram à Justiça Eleitoral, o Ceará terá a quinta campanha mais cara do Brasil, com R$ 140,8 milhões investidos. Segundo ranking do jornal Folha de S. Paulo, em números absolutos, o Ceará fica atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, nessa ordem. Proporcionalmente, no entanto, o custo médio do voto no Ceará não está entre os mais altos. Quando se divide a cifra milionária pelo número de eleitores, o Estado cai para a 15ª posição.
O POVO identificou que, em 2010, os sete nomes que disputaram o comando do Palácio da Abolição calcularam um limite de despesas equivalente a R$ 124,2 milhões, o que representava um custo médio de R$ 21,11 por eleitor.
Em 2014, o número de candidatos diminuiu para quatro, mas a expectativa máxima de gastos foi inflacionada para os R$ 140,8 milhões declarados à Justiça Eleitoral. Como o número de eleitores no Ceará também cresceu, isso significa que o valor unitário de um voto passou para R$ 22,47 – diferença de pouco mais de um real em relação à disputa anterior.
Acontece que os cálculos são outros quando se levam em conta apenas as campanhas mais robustas. De acordo com o que foi estabelecido como teto em 2010, o então candidato à reeleição Cid Gomes (Pros) esperava aplicar até R$ 39 milhões, o que significaria despesa de R$ 6,63 por eleitor. Agora, seu candidato à sucessão, Camilo Santana (PT), registrou como limite R$ 64 milhões, um custo unitário de R$ 10, 20 por votante.
Em outro exemplo, o candidato de oposição com maior previsão de despesas em 2010, Lúcio Alcântara (PR), havia declarado como teto R$ 50 milhões na campanha – o mesmo que R$ 8,50 por cearense apto a votar. Hoje, o principal opositor de Camilo, Eunício Oliveira (PMDB), estima R$ 67 milhões como despesa máxima – o equivalente a R$ 10,63 por voto.
Avaliações
Perguntada sobre o aumento, a assessoria de Camilo Santana informou que o cálculo para a disputa deste ano levou em conta as despesas de 2010, corrigidas pela inflação. Já o coordenador-geral da campanha de Eunício e vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena (PMDB), explicou que a previsão máxima de gastos tem a ver com a expectativa de receita, e avaliou que a diferença média em relação a 2010 não é considerável.
NÚMEROS
22,47
reais é o custo de um voto no Ceará, se somadas as previsões de gastos dos candidatos
90,18
reais é o custo de um voto em Roraima, estado na 1ª posição do ranking divulgado
140,8
milhões de reais é o limite de gastos previstos pelos candidatos ao governo cearense
Saiba mais
A cada eleição, os candidatos informam à Justiça Eleitoral quanto poderão gastar nas campanhas. O valor é tomado como limite de despesas, e não necessariamente precisa ser cumprido.
O cálculo feito inicialmente nem sempre se aproxima do que é efetivamente gasto, ao fim da campanha. E, em vários casos, o investimento real costuma ultrapassar o que foi informado.
Isso porque, além de sua própria conta de campanha, os candidatos utilizam recursos doados aos comitês financeiros dos partidos, um dinheiro que pode ser distribuído entre candidatos a vários cargos de uma coligação. Considerada a receita desses comitês, o custo unitário do voto costuma ser bem maior.