A mudança na Praça Portugal, com a implantação do binário nas avenidas Dom Luís e Santos Dumont, e outras quatro intervenções a serem implantadas até o fim do primeiro semestre, foi o principal tema em discussão tanto na Câmara Municipal de Fortaleza quanto na Assembleia Legislativa. Para o vereador Guilherme Sampaio (PT), líder da oposição, a Prefeitura não possui diálogo com a população e, às vezes, este método prejudica as boas iniciativas do Executivo.
Segundo disse o parlamentar, “se a população não puser o pé na porta, vai se consolidar uma cultura que se faz o que quer, sem discutir com ninguém e delegando à Câmara um papel secundário”, deixando explícito que a obra está descumprindo a Lei Orgânica do Município, segundo a qual para qualquer alteração de praças da cidade, é preciso de autorização do Legislativo municipal.
O vereador afirmou ainda que “não é verdade” que para a implantação do binário é indispensável a retirada de árvores e a destruição da Praça Portugal, destacando o caso das avenidas Imperador e Tristão Goncalves, realizado pela gestão anterior. “Não é a primeira vez que isso acontece, é um método político, de gestão que quer oprimir qualquer versão diferente da cidade deles”, salientou.
Para Acrísio Sena (PT), o prefeito desvirtua sua plataforma de governo, apresentada durante a campanha de 2012. O petista também solicitou avanços quanto à questão da mobilidade urbana, pois, segundo ele, o problema não será solucionado apenas com abertura de novas vias. “É preciso avançar nas obras do metrô”, disse, acrescentando que a Câmara precisa de altivez para debater as propostas apresentadas pelo Executivo.
Outros vereadores petistas também criticaram a intervenção da administração municipal na Praça Portugal, critincando que, mesmo após decisão judicial, a Prefeitura realizou intervenção na área, desobedecendo a liminar que determinava que o Executivo “se abstenha de qualquer pretensão demolitória” até a decisão da Vara da Fazenda Pública.
FORMA INTEMPESTIVA
O vereador Márcio Cruz (Pros) e o líder do Governo na Casa, Evaldo Lima (PCdoB), fizeram a defesa da gestão de Roberto Cláudio quanto à intervenção na Praça Portugal. Os dois afirmaram que a polêmica criada é “intempestiva”, pois, neste momento, a praça não está em discussão. Disseram ainda que a Prefeitura encaminhará, até maio, uma mensagem solicitando alterações naquele local.
Márcio Cruz ressaltou, ainda, que quando as obras estiverem concluídas, a população vai sentir uma melhora no trânsito local. O governista defendeu que o espaço da praça não oferece comodidade, além da dificuldade de acesso por parte da população até a Praça.
CONTRA TUDO
Já Adail Junior (Pros) afirmou que a cidade precisa melhorar sua mobilidade e disse acreditar que os moradores do município poderão usufruir “de verdade” das novas praças que ficarão no entorno da avenida Dom Luís.
“Quem imaginou que a Praça Portugal quando foi criada em 1947, ficaria bem no coração da cidade? Agora, quantos de nós já frequentou aquela praça? Estão preocupados que o Prefeito vai retirar 200 árvores, mas depois ele vai colocar mais nas praças. É preciso que a gente tenha visão do futuro, precisamos pensar na mobilidade urbana. Tem pessoas que não sabem o que está acontecendo na Capital, e quando descobrem que é preciso retirar uma praça, se mostram contra porque não sabem o que está acontecendo na cidade”, ressaltou.
SECRETÁRIO VAI A CÂMARA
O secretário de Conservação e Serviços Públicos, João Pupo, estará hoje na Câmara Municipal, para prestar esclarecimento sobre a polêmica envolvendo a intervenção na Praça Portugal com a implantação do sistema de binário nas avenidas Dom Luís e Santos Dumont. O parlamentar Evaldo Lima (PCdoB) apresentou, ontem, um requerimento para formalização do convite e recebeu o apoio dos demais vereadores. A obra vem causando divergências e motivou debates na sessão plenária. Diversos vereadores manifestaram-se sobre a questão, lançando os questionamentos dirigidos ao secretário.
DEPUTADOS AVALIAM QUE PROPOSTA PODE MELHORAR O TRÂNSITO
Na Assembleia Legislativa, alguns deputados se manifestaram a respeito da intervenção da Prefeitura de Fortaleza na Praça Portugal devido à implantação do binário nas avenidas Dom Luís e Santos Dumont. O (PCdoB) disse que a Praça um “entulho”, pois, segundo ele, trata-se apenas de uma rotatória. O parlamentar avaliou como “exagero” a manifestação dos que querem, agora, que o espaço seja “elevado ao altar de uma peça urbanística, simbólica para a cidade”. Por outro lado, defendeu que a proposta seja discutida, porque a Lei Orgânica de Fortaleza exige.
O deputado Heitor Férrer (PDT), por sua vez, afirmou que -RC tem a intenção de acertar, por isso merece crédito, uma vez que a proposta foi discutida e, possivelmente, pretende trazer resultados para o trânsito daquela região. Afirmou, ainda, que o desmembramento da Praça irá ampliar o espaço, permitindo uma convivência que não há na Praça Portugal, atualmente, devido à falta de acesso. “A Praça não tem acesso e, para chegar lá, você corre risco ao atravessar aquelas duas avenidas movimentadíssimas”, salientou.
Já o líder do Governo na AL, deputado José Sarto (Pros), descartou a tese da realização de plebiscito para implantação do binário na Praça. Segundo ele, se houvesse plebiscito para toda intervenção a ser feita, “Fortaleza ficaria parada por muito tempo”. “Tem que pensar mobilidade é hoje”, defendeu, acrescentando que as críticas são precipitadas, pois, segundo ressaltou, as intervenções na praça não serão realizadas agora.