No último dia 14/2, a ala do PT ligada à ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, reuniu-se na Assembleia Legislativa para pedir a candidatura própria do partido ao governo do Ceará, forçando rompimento com o governador Cid Gomes (Pros). Na fala empolgada de alguns viu-se a referência explícita a 2004. Isso mostra que o debate interno será caloroso, como naquele ano. Mas, vale a pena pensar sobre as diferenças entre as datas.
Em 2004 ocorria a sucessão de um prefeito em seu terceiro mandato e que carregava considerável desaprovação: Juraci Magalhães. Tudo apontava para o fim de um ciclo político que, no imaginário social, portava muita corrupção. O PT havia acumulado forças na capital, mantendo sempre 3 ou 4 vereadores. O clima era de mudança. Tanto assim que registraram-se 11 candidaturas.
O PT permitia o debate interno e quase infindável de candidaturas. E foi aí que surgiu a “lôra”. Decidida sua candidatura, teve de sofrer o esvaziamento do próprio partido em nome da candidatura de Inácio Arruda (PCdoB). Mas, acabou vencendo, pois representava a mudança esperada pelo eleitor. Em 2014, contudo, as coisas são diferentes. A começar pelo PT, que levado em 2006 pela própria Luizianne ao palanque de Cid Gomes travou com este relações pessoais e políticas, ao que tudo indica, inquebrantáveis. Fortaleceu-se, no partido, a figura de José Guimarães, articulador sem par. Os petistas agora são mais cidistas do que qualquer outra coisa. Luizianne saiu com baixos indices de aprovação, não conseguiu eleger seu sucessor e, principalmente, não detém a máquina do Estado.
Some-se a isso o fato de que Dilma Rousseff deve grande favor aos Ferreira Gomes: foram estes os únicos a manterem fidelidade ao governo quando da decisão de Eduardo Campos (PSB) em lançar-se candidato à presidência da República. O PT pode vir a ter dois senadores (Pimentel e Guimarães, caso este venha a candidatar-se e vencer com o apoio de Cid) ou mesmo três (Pimentel, Guimarães vencendo e Catanho, caso seja Eunicio o vencedor da eleição para governador).
Além disso, o pleito deve ter baixa competitividade: o candidato de Cid (que já abocanhou o PDT de Ferrer), Eunicio Oliveira (PMDB), um nome do Psol e outro das “oposições”. Assim, 2014 não é 2004, viu Luizianne.
Emanuel Freitas
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.do em Sociologia (UFC)