Moradores do Parque Presidente Vargas, em audiência pública ontem na Assembleia Legislativa, pediram providências contra ameaças sofrem desde 2012 de um homem que se diz herdeiro do terreno onde vivem cerca de duas mil famílias. Eles contam que o homem, Eduardo Tertius, usa o nome do pai, o promotor de Justiça Eduardo Araújo Neto, para despejar moradores sem autorização judicial. Oito famílias já foram expulsas. Segundo os moradores, Tertius faz incursões ao bairro acompanhado de homens armados e alega que o terreno era do seu avô, Rafael Araújo. Mas este já havia declarado em 2002, durante audiência na Câmara Municipal, que o terreno tinha sido vendido aos moradores. Os homens que acompanham Tertius são policiais, dizem os moradores. Eles relatam que já chamaram o Ronda do Quarteirão nessas ocasiões, mas os PMs vão embora quando os homens lhes mostram as credenciais. A audiência foi feita pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. A deputada Eliane Novais (PSB), presidente da comissão, disse que solicitará à Secretaria de Segurança Pública a identificação e eventual punição dos policiais que serviriam de milícia. O titular do núcleo de moradia da Defensoria Pública do Ceará, José Lino Fonteles, prometeu convocar reunião com órgãos da segurança pública. Pelo Ministério Público, a promotora Edna Costa afirmou que vai acionar o procurador geral de Justiça do Estado, Ricardo Machado. A Habitafor prometeu acelerar o processo de regularização fundiária. O POVO ligou ontem à noite, depois da audiência, para o número de Eduardo Tertius que consta na Telelista, mas as chamadas não foram atendidas. Foi feito também contato com a assessoria do Ministério Público para contatar o promotor Araújo Neto, mas não houve tempo hábil para que ele fosse localizado.