Os participantes destacaram a carência de saneamento básico na área rural e a necessidade de ampliar o acesso às tecnologias sociais a partir de políticas públicas para que a população possa ter seu direito fundamental ao saneamento garantido. O evento teve mediação de Ênio Girão, da Embrapa e será retransmitido pela TV Assembleia (canal 31.1) no próximo domingo (29/08), às 11 horas.

Mário Eduardo Fraga, do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Ceará (IPC), compartilhou experiências de formas que considera adequadas como soluções individuais, que são as fossas verdes ou tanque de evapotranspiração (para águas enfezadas) e círculo de bananeiras (para águas cinzas), detalhando o funcionamento, técnicas de construção e casos acompanhados.

Ricardo Oliani, da BioMovement, apresentou o sistema de biodigestor de uso doméstico com sanitário (bio toilet) acoplado, tecnologia planejada para áreas e populações sem acesso ao saneamento básico. Atualmente, afirmou, a tecnologia está presente em quatro aldeias indígenas e o objetivo é atender populações isoladas ou comunidades sem acesso, indicando a fácil e rápida instalação.

Wilson Tadeu, pesquisador da Embrapa Instrumentação partilhou experiências com fossa séptica biodigestora e jardim filtrante, mas destacou que a escolha e instalação da tecnologia de tratamento precisa estar relacionada com as condições locais. Assim, apontou, o trabalho realizado abrange pontos como tecnologias simples e eficientes, fácil apropriação pela população, reuso seguro de nutrientes e água na agricultura, sensibilização, capacitação e acompanhamento dos beneficiários, entre outros.

Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças, ressaltou a gravidade da situação de disponibilidade hídrica no Brasil, relacionando o atual cenário com o fato do reuso de água se tornar uma necessidade e não somente uma opção. Em sua apresentação, ele comentou propostas de desenvolvimento de estações de tratamento de esgoto e de sistemas de produção agrícola de baixo custo para pequenas comunidades rurais e/ou isoladas. 

Leonardo Adler, da Taboa Engenharia, elencou características, modelos e experiências de saneamento ecológico a partir da construção de biodigestores, ressaltando a importância da relação com a comunidade e da participação popular para a efetivação das tecnologias sociais.

Luiza Perdigão, do Conselho de Altos Estudos, celebrou a realização do Seminário com foco no eixo Saneamento Básico Rural, afirmando ser um reconhecimento da especificidade e importância diante da imensa defasagem que existe na área. Ela comentou ainda que as experiências exitosas partilhadas podem contribuir na construção de estratégias de enfrentamento.

Lançado no fim de 2019, o Pacto pelo Saneamento atua com cinco eixos de discussão e vem fazendo debates e trabalhos com diversas entidades e órgãos. Os temas incluem Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário; Gestão de Resíduos Sólidos; Drenagem de Águas Pluviais; Saneamento Rural; Educação Ambiental para o Saneamento Básico.

A programação de seminários continua no mês de setembro com as temáticas “Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos” (15/09) e “Educação Ambiental para o Saneamento Básico” (29 e 30/09).

As publicações do Pacto do Saneamento Básico e demais Pactos realizados pelo Conselho de Altos Estudos ao longo dos anos podem ser acessadas no  site da AL.

SA/CG