Você está aqui: Início Últimas Notícias Internautas ainda desconhecem alterações do Código de Trânsito Brasileiro
Entre as alterações de maior peso na legislação, que deverão entrar em vigor no prazo de seis meses, está o endurecimento das penas a quem cometer homicídio ao dirigir sob efeito de álcool ou drogas. A mudança também abranda outros pontos, como dobrar o limite para que o motorista perca a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A deputada Dra. Silvana (PL) apoia a iniciativa do presidente Jair Bolsonaro. Para ela, as alterações vêm para “aliviar o bolso do contribuinte”. De acordo com a parlamentar, esse sistema de arrecadação, que se formou a partir do que ela chamou de “indústria da multa”, é “descabido e desnecessário”.
“Ora, ninguém desaprende a dirigir. Um exame de vista de tempos em tempos é necessário para todas as faixas etárias, mas esse processo de renovação de carteira em período curto como é atualmente não é necessário”, diz.
A parlamentar também considera benéficas as penas para motoristas infratores. “É bom que a legislação assuma que um veículo pode ser uma arma na mão de um motorista alterado, e é interessante que se endureçam as penas para que esse tipo de irresponsabilidade, que pode custar a vida das pessoas, acabe”, defende.
O deputado Fernando Hugo (PP) também considera a proposta, no geral, como benefício para a população. “Mesmo não sabendo dos pormenores dessas alterações, entendo que os pontos principais visam diminuir os gastos do cidadão, sem comprometer sua capacidade como condutor”, avalia.
O deputado Moisés Braz (PT), entretanto, lembra que a bancada do PT na Câmara Federal foi contra o projeto, por entender que, mesmo com as alterações propostas pelo relator, ele flexibiliza a fiscalização, aumenta o prazo para renovação de carteira, estimula a impunidade e aumenta a violência no trânsito.
“É um projeto que chegou a ser conhecido como o PL da morte. Devemos lembrar que, apesar do endurecimento das punições aprovadas nos últimos anos, o trânsito no Brasil ainda mata muita gente e sobrecarrega o sistema de saúde”, alerta. Segundo o parlamentar, foram 33 mil mortes em 2018, o que nos deixa em 3º no ranking mundial, enquanto 20 pessoas são internadas por hora no sistema público de saúde por conta desse tipo de acidente, o que gera R$ 40 bilhões de despesas.
Para o deputado, trata-se de mais uma desconstrução patrocinada pelo governo Bolsonaro de forma irresponsável, sob o argumento de uma “fexibilização”. “Não é nem minimamente razoável ser a favor de uma matéria que é contra a vida, e que infelizmente passou”, lamenta.
O diretor jurídico do Departamento Estadual de Trânsito, Daniel Paiva, lembra que é essa é a 39ª lei que altera as disposições originais do Código de Trânsito Brasileiro em seus 23 anos de vigência, logo é normal que, de tempos em tempos, atualizações sejam realizadas. Segundo ele, as alterações atuais que se destacam criam novos patamares para regular, por exemplo, a renovação da CNH, por faixa etária, e a perda da carteira por gravidade da infração.
Daniel Paiva explica que, no caso da renovação da CNH, por exemplo, novos prazos de validade foram estipulados, a partir da faixa etária do condutor. Aqueles que têm até 50 anos de idade poderão renovar suas habilitações a cada 10 anos; aqueles entre 50 e 70 anos de idade, a cada cinco anos, e os com mais de 70 anos de idade, a cada três anos.
O mesmo acontece com a suspensão da habilitação. Ainda conforme o assessor, o motorista perde sua carteira com 20 pontos se, no acúmulo da pontuação, constar duas ou mais infrações graves; com 30 pontos aquele que tiver uma infração grave, e 40 pontos para aqueles sem infrações graves. Em qualquer situação, o motorista que esteja em serviço só perde a habilitação ao atingir os 40 pontos.
“Assim como o endurecimento da pena para aqueles que cometem crimes por irresponsabilidade ao dirigirem sob efeito de álcool, todas essas alterações são clamores da sociedade e que vêm para agilizar a vida do condutor, sistematizando a regulação da habilitação conforme a necessidade”, argumenta.
PE/AT