Você está aqui: Início Últimas Notícias Internautas apontam preferência por livros e filmes no período de isolamento
A maioria, ou 62,9%, afirma que ver filmes ou ler livros é a melhor forma de relaxar. Outros 19,% aproveitam o tempo para aprimorar as habilidades culinárias, enquanto 17,7% se dedicam aos exercícios físicos.
A deputada Erika Amorim (PSD) afirma entender a escolha dos internautas e reforça que qualquer uma das opções é válida. “O importante é que as pessoas tenham um tempo disponível e condições para desfrutar de um descanso nesses dias tão intensos para todos”, diz. A parlamentar lembra que a pandemia afetou de forma considerável a vida e a rotina das pessoas, em especial das mulheres, e os impactos na saúde são evidentes.
A despeito de outras implicações oriundas do isolamento, ela reforça que para muitas pessoas, e principalmente para as mulheres, as jornadas de trabalho aumentaram consideravelmente. “É muito importante que diante de um quadro em que a mulher tenha que se dividir entre emprego, serviço doméstico, e filhos, elas tenham a possibilidade de um momento de descanso”, afirma.
Ainda conforme a parlamentar, durante a pandemia, isso se torna ainda mais grave para aquelas que passaram a trabalhar remotamente. “Essa modalidade de serviço, muitas vezes, ultrapassa o horário do expediente e se mistura às demais atividades, o que é estressante para qualquer pessoa”, aponta.
Para a deputada Aderlânia Noronha (SD), qualquer atividade que se pratique no tempo livre, desde que saudável, é válida. “O importante é dispor de um tempo para descanso, arejar a cabeça, organizar as ideias, ou apenas relaxar a mente mesmo, coisas que são imprescindíveis para manter a saúde mental em tempos como esses que estamos vivendo”, observa.
Esse tempo livre na rotina é de grande importância para todos, acrescenta a deputada, especialmente para as mulheres, “que têm sofrido os maiores impactos durante o isolamento social”. “São as mulheres que normalmente se responsabilizam pelos filhos, cuidado doméstico e agora, pelo cuidado daqueles que podem adoecer na família. A sobrecarga se torna ainda maior”, considera.
Para a psicóloga e residente em Saúde Mental da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará, Emille Ferreira Melo, atividades como exercícios físicos, leitura e outras realmente ajudam a reduzir a sobrecarga mental que atinge as pessoas confinadas.
“Há muitos estudos, entretanto, apontando que a excepcionalidade desses tempos, caracterizados pelo isolamento e permeado pelas pressões que decorrem do trabalho profissional, doméstico, cuidado com a educação dos filhos (com o fechamento das escolas), com os doentes (vítimas da pandemia), e até a política e a incerteza em relação ao futuro, estão deixando as pessoas com menos tempo livre e aumentando os casos de transtornos psicológicos como estresse, depressão e ansiedade”, observa.
Na avaliação da psicóloga, as mulheres são as principais vítimas nesse momento. “Seja historicamente, culturalmente, socialmente, o cuidado da casa, dos filhos, a atenção à saúde dos membros da família sempre foi atribuído às mulheres. Esse cuidado redobrou na pandemia. Muitas mulheres ainda nem tiveram o privilégio de ter um isolamento, precisando manter a rotina de trabalho fora de casa. Então, o que para muitas delas era uma jornada de trabalho tripla antes da pandemia, se tornou agora muito mais intensa”, alerta.
Para Emille Ferreira Melo, o ideal seria que, a partir desse momento, o compartilhamento de tarefas fosse absorvido culturalmente pela sociedade. “Mas para isso é preciso haver um novo modelo de organização, tanto de família quanto de sociedade”, assinala.
PE/AT