Das opções, duas obtiveram o mesmo número de votos, 44,8%: a que considera que o trabalho remoto otimiza o tempo e promove a economia e a que indica que deve haver um equilíbrio entre a necessidade do modo presencial e a modernização da atividade a distância.
Outros 10,4% dos participantes ponderam que nem todos dispõem de condições ideais para a realização do trabalho em casa.
O deputado Jeová Mota (PDT), que preside a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da AL, compreende as vantagens da modalidade, mas considera a situação de quem não tem essa possibilidade. Para ele, é importante que as instituições ofereçam ferramentas e condições adequadas para seus funcionários. “Além disso, é fundamental manter um padrão de horário de trabalho, para evitar que os profissionais se sobrecarreguem”, alerta.
Na mesma linha, o deputado Acrísio Sena (PT) observa que o home office, por ser uma atividade laboral, precisa também passar por um processo de regulamentação pela Justiça do Trabalho. Ele avalia que, “com a desculpa de que o trabalhador está “no conforto do lar”, há uma tendência de se extrapolar o tempo de serviço, além dos horários e dias convencionais, misturando serviços domésticos, laborais, lazer e descanso”.
O parlamentar acrescenta ainda que o sistema revela a profunda desigualdade social existente no País, pois nem todo trabalhador tem à disposição ferramentas como smartphone, computador e internet de qualidade em casa.
Acrísio Sena observa que empresas, assim como os trabalhadores, precisam se adaptar. “É uma nova realidade que precisa de uma série de adaptações e intervenções do Estado, de modo que o trabalho seja desempenhado de forma segura, adequada e justa”, analisa.
A deputada Patrícia Aguiar (PSD) entende que muito se avançou em termos tecnológicos, mas ainda permanecem alguns gargalos para o acesso à tecnologia para cerca de 30% dos cearenses. A parlamentar lembra que milhares de famílias não têm acesso à internet, seja por não terem um computador, smartphone ou condição de pagar mensalmente uma rede de Wi-fi. “Houve avanços, isso é inquestionável, como na telemedicina, trabalhos virtuais e no comércio eletrônico, mas ainda temos mais a conquistar, como o acesso à educação para todos os estudantes”, assinala.
O sociólogo Eduardo Neto Moreira também compreende que a modernização pode vir dada a natureza do serviço e conforme as necessidades. Ele pontua que o teletrabalho pode ser uma solução imediata ou continuada. Nesse último caso, algumas implicações devem ser consideradas. A primeira diz respeito à infraestrutura necessária para realização de um home office. Ele lembra que nem todas as famílias dispõem de espaço e equipamentos (impressoras, internet etc.) para o desempenho da função. Ele acrescenta ainda que as atividades devem ser viabilizadas pelos empregadores, pois acarretam custos adicionais que, no modelo convencional de trabalho, o trabalhador não tem por dispor da estrutura da empresa.
O segundo ponto ressaltado pelo sociólogo é a necessidade de disciplina e capacidade de planejamento e organização, visando produtividade. O terceiro seria, no caso do estabelecimento dessa modalidade pelas empresas, as implicações legais trabalhistas.
Conforme Eduardo Neto, uma corresponsabilização entre trabalhador e empresa deve ser regulamentada, assim como uma repactuação das tarefas. “Isso deve ficar definido, pois senão a vida do profissional será invadida por completo pelo trabalho, sob o risco de ele não distinguir qual o horário destinado ao trabalho, às atividades domésticas e ao lazer”, analisa.
PE/AT