Você está aqui: Início Últimas Notícias Internautas defendem medidas duras para quem descumprir isolamento
A sensibilização por meio de campanhas, orientando a população sobre a gravidade da doença e como se prevenir, recebeu 20% dos votos, enquanto a opção que indica a garantia de proteção social para os mais carentes se proverem nesse período foi a mais razoável para 33,3% dos internautas.
A deputada Fernanda Pessoa (PSDB) considerou, entretanto, muito importantes as três opções. Segundo ela, as pessoas não atentam para a gravidade da doença até que um familiar ou ente querido seja acometido por ela. A ressalva que ela faz, no entanto, é a respeito das campanhas publicitárias, que deveriam apostar mais na sensibilidade do cidadão, “sem sensacionalismos”.
“É importante fazer o cidadão no lugar de quem é portador da doença, ou de quem está entre os grupos de risco, e tentar sensibilizar por esse caminho, porque, mesmo os portadores assintomáticos muitas vezes não levam a sério as recomendações até verem os sintomas se manifestarem dentro das suas casas”, observou.
Ela frisou que as medidas assistenciais são de grande importância, pois, caso contrário, a realidade poderia ser ainda mais violenta, com saques a mercantis e coisas do gênero. “Nós, enquanto deputados, ficamos de mãos atadas. Por mais que se criem algumas medidas de grande ajuda, nos entristece a realidade de UTIs lotadas, carência de respiradores, pessoas dormindo em filas para receber auxílio emergencial, enquanto a maior aposta, no momento, é a conscientização das pessoas sobre a importância de se resguardar”, refletiu.
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) pensa de forma semelhante. Para ele, todas as opções são válidas, e punições talvez não resolvam. “Que punições seriam essas? Multar? As pessoas vão pagar como, se não têm dinheiro?”. Para ele, o que há para ser feito está sendo feito, mas o parlamentar reforça que as campanhas publicitárias poderiam ser mais agressivas.
Segundo o deputado, na Austrália, país que começou a adotar medidas de isolamento no mesmo período que o Brasil, as campanhas de conscientização são agressivas, mostrando os efeitos da doença nos grupos mais afetados. Para Carlos Felipe, esse detalhe teve seu papel na redução da curva de contaminação. Até a última sexta-feira (08/05), a Austrália ainda contava com menos de 100 mortos por Covid-19.
A doutora em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde e professora adjunta do Departamento de Enfermagem da UFC Roberta Meneses Oliveira concorda com a maioria dos internautas, no sentido de que a população já foi informada de modo satisfatório quanto à prevenção e cuidados básicos. Porém ela ressalta que, quanto às medidas restritivas de deslocamento, isolamento e lockdown, há necessidade de maiores informações sobre sua importância, regras, limites e aplicações.
“Do ponto de vista de um profissional de saúde, não concordo com punições severas, mas considero ser necessária a adoção e ampliação de medidas socioeducativas, pois boa parte das pessoas, mesmo tendo acesso por meio de TV, redes sociais e outras fontes de informação, permanece desobedecendo as recomendações do Governo e das autoridades de saúde”, afirma.
Roberta avalia que atitudes mais graves, que envolvem pessoas contaminadas ou suspeitas resistindo ao isolamento de maneira irresponsável, podem estar sujeitas à responsabilização e punição, mas esse é um aspecto a ser abordado com cautela. “É um tema a se preocupar e que merece discussão e suporte de outras áreas”, observa.
Ela lembra que, no momento, há problemas bem maiores de enfrentamento da situação, que envolvem o nível socioeconômico e educacional, as crenças, os valores e as práticas peculiares do povo brasileiro. “Vale destacar a situação em que se encontra o sistema de saúde cearense, que enfrenta um colapso em seus serviços, com quase 100% dos leitos destinados a pacientes com Covid-19 ocupados, faltando então assistência para todos os que precisam ou venham a precisar. Daí a importância do lockdown”, explica.
PE/LF