De acordo com o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Fernando Hugo (PP), não é de estranhar que os brasileiros usem um dinheiro a mais para quitar dívidas. “Essa é a prova cabal de que as pessoas estão sem poder de compra. Mesmo sabendo que a maioria não vive de forma luxuosa, é comum vermos pessoas assumindo endividamentos, buscando melhorias, então, quando se recebe um dinheiro a mais, o esperado é que seja usado para pagar o que se deve”, pontua.

O deputado Moisés Braz (PT) acredita que o resultado da enquete retrata a realidade socioeconômica do País, considerando o custo de vida crescente e a alta do desemprego. “A população – a que ainda tem emprego formal – está endividada no maior nível dos últimos três anos. O governo diz que as reformas melhorarão a situação do País, porém a trabalhista e a previdenciária só aprofundam a desigualdade, pois a receita está errada”, diz.

O deputado Nizo Costa (PSB) ressalta a importância do décimo terceiro para as famílias brasileiras e como elas se programam sobre a destinação do dinheiro. “Era esperado que a maioria destinasse a segunda parcela do décimo para a quitação de dívidas, uma vez que, com o início do ano, outras despesas surgem, como matrícula escolar, IPVA, IPTU. Seja para lazer ou investir na poupança, deve-se fazer um bom planejamento para esse dinheiro”, analisou.

Para o economista Ricardo Coimbra, professor da Universidade 7 de Setembro, o resultado da enquete mostra que parte significativa das pessoas aproveitará o décimo para resolver a situação financeira. “Muitos usarão esse novo recurso para sanar as dívidas. Chama a atenção também que 24,8% demonstrem interesse em aplicar o dinheiro na poupança, ou seja, construindo uma reserva para qualquer eventualidade. Em relação a compras, vimos algo menos expressivo, o que também surpreende, nessa época do ano, em que muitos compram presentes para o Natal”, avaliou.
LA/AT