A jornalista e professora Sylvia Debossan Moretzsohn, da Universidade Federal Fluminense (UFF), mostrou preocupação em relação à precarização do trabalho e demissões em massa de grandes jornais. De acordo com ela, segundo levantamentos feitos por sites de comunicação, em três anos, cerca de 1.100 jornalistas foram demitidos de redações em todo o Brasil.
Segundo Sylvia, para avaliar a situação em que vive a categoria, é necessário entender o período de transição em que se encontra o jornalismo, devido à priorização do conteúdo digital e como a tecnologia mudou a publicidade. Antes da internet, a publicidade chegava ao receptor apenas pela mediação de jornais, revistas, televisão e rádio.
"Hoje, não só as empresas que produzem os anúncios para serem publicados pela mídia tradicional, como as fontes de forma geral, podem falar direto com o público. Queimam essa etapa de mediação que as empresas jornalísticas faziam e falam direto ao consumidor, causando perda de receita, talvez irreversível. A saída para sanar as finanças é demitir, não pensam em outra alternativa”, analisou Sylvia.
Para o professor Rafael Rodrigues, coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), o mercado jornalístico do Estado é institucionalizado, pois a maioria dos jornalistas trabalha em grandes empresas de comunicação, que é o local onde mais ocorrem cortes. “Todo ano, sabemos que há cortes nessas empresas. Uma prática comum é demitir jornalistas que estão perto de se aposentar, para que não sejam pagos os seus direitos”.
O deputado Elmano Freitas ressaltou a importância da valorização do profissional, além da garantia de segurança no exercício da profissão. “A profissão é fundamental, pois garante ao cidadão o acesso à informação e a visão de especialistas sobre determinados temas. Mas ela tem de ser valorizada. Tem que ter o mínimo de segurança em sua atividade, seja em estúdio, no campo, muitas vezes cobrindo situações perigosas”, destacou o parlamentar.
A presidente do Sindjorce, Samira de Castro, lembrou que a participação dos sindicatos é importante para a formação de consciência de classe da categoria. "Isso está cada vez mais difícil, por causa do rolo compressor do sistema capitalista, em que as pessoas são cada vez mais individualistas e não pensam em saídas coletivas". Samira ainda ressaltou a importância do envolvimento das universidades no debate, pois "a discussão sobre o jornalismo que queremos começa pela questão da qualidade do ensino de Jornalismo que é praticado nas faculdades".
Também participou do debate o coordenador do curso de Comunicação Social da Faculdade 7 de Setembro (FA7), Dílson Alexandre Mendonça.
LF/GS