Você está aqui: Início Últimas Notícias Audiência na Alece debate combate às pragas e desafios ao cultivo do algodão
A cultura do algodão já foi a base da economia cearense e ajudou a desenvolver municípios e muitas atividades econômicas. Conforme o deputado Carlos Matos (União), propositor da audiência pública, a cultura voltou a ser viável após um período de baixa com o incremento tecnológico e as novas formas de produção, mas ainda há questões que precisam ser debatidas e que podem ser potencializadas via legislação.
“Além disso, é importante observar que o Ceará não tem um plano de agricultura e nem para o fomento de culturas importantes, como a do algodão. Precisamos ter metas e definir onde queremos chegar, nos perguntar onde desejamos estar daqui a 10 anos. Principalmente porque esse tipo de atividade é essencial para o desenvolvimento dos municípios do interior”, observou.
O Ceará atualmente conta com o projeto Ouro Branco, que se organiza entre produtores, prefeituras e apoio privado e possibilita que o Ceará tenha hoje três mil hectares de algodão plantados, entre o Cariri, a Chapada do Apodi e em áreas de agricultura familiar. Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Algodão do Estado do Ceará, Airton Carneiro, a cultura é distribuída em 26 municípios cearenses, dos quais 18 contam com apoio das prefeituras, e o restante, com o privado.
O produtor explicou que as prefeituras, por meio de consórcio, adquirem e distribuem entre os agricultores as sementes e os defensivos, que são orgânicos ou biológicos, que combatem as pragas de lagartas e bicudos, não afetam a saúde dos trabalhadores e nem o meio ambiente. Ele informou que, para 2023, já foram adquiridas sementes para plantar aproximadamente 10 mil hectares, mas ressaltou que “um passo tão longo como esse talvez não deva ser dado”.
“O Ouro Branco é um projeto bem-feito e bem orientado, que deve ser expandido devagar, com pé no chão, na medida em que conseguimos os defensivos para proteger as culturas”, explicou.
Airton lembrou que o Ceará proíbe a pulverização aérea e afirmou que é uma medida “errônea” por parte do Estado. Segundo ele, a pulverização por avião deve ser proibida, mas a tecnologia do drone pode facilitar esse processo, pois mantém o trabalhador até 400 metros de distância longe do campo, realizando a função via remota. “É um método mais localizado e mais seguro que o pulverizador costal, sem falar que a não utilização de água nesse formato reduz a poluição dos mananciais, podendo ser utilizado tanto na agricultura familiar quanto na comercial”, assinalou.
A acessibilidade a essas novas tecnologias também foi tópico levantado durante a audiência. O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, Antônio Rodrigues de Amorim, que representou a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), considerou que a demora na colheita do algodão promove o surgimento do bicudo e, para a colheita ser hábil, é necessário um maquinário moderno. “É mais barato para o trabalhador, pois a máquina custa metade do preço da mão de obra humana, então quem tem máquina avança”, disse.
Para ele, há uma grande necessidade de “tecnificar” os trabalhadores para que o custo/benefício da produção gere renda para o produtor. O mais importante para ele, no entanto, é convencer os produtores da importância dessas medidas. “Podemos até criar leis que viabilizem todas essas demandas, mas se as pessoas não tiverem a consciência e o compromisso quanto à importância do que estamos discutindo aqui, não teremos avanço, e só conflitos”, frisou.
A audiência pública, que aconteceu no Complexo de Comissões Técnicas da Alece, contou ainda com a participação de representantes da Universidade Federal do Cariri (Ufca), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Ceará (SFA/CE), da Semilla Sementes, e do Centro de Pesquisa e Assessoria Esplar.
PE/AT