O deputado Renato Roseno (Psol) entende o desafio da água como algo sistêmico. Para ele, todas as alternativas da enquete estão corretas e devem ser conjugadas. “Temos insistido na necessidade de uma política de gestão de recursos hídricos que compatibilize gestão de oferta e demanda, priorizando o abastecimento humano e a agricultura familiar, já que hoje 77% das outorgas (concessões do direito ao uso da água) da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) são para agricultura irrigada, e 11% para a indústria”, ressalta.

Na avaliação do parlamentar, a solução para a crise hídrica, portanto, não é somente reduzir o consumo humano. “Um cearense, em média, usa no consumo urbano 127 litros/dia. A Termelétrica do Pecém usa quase 1000 litros por segundo”, exemplifica.

O deputado Professor Teodoro (PSD) disse que o desperdício de água está fortemente associado à questão cultural. O parlamentar entende que a educação é fundamental para que possamos conservar o bem que se tornou ainda mais precioso nos dias de hoje. “Mas não basta a oferta de educação ambiental nas escolas, precisamos também de campanhas de conscientização e ações práticas de combate ao desperdício, incluindo o reúso de água e outras opções de utilização racional”, pondera.

De acordo com o deputado Capitão Wagner (PR), a preservação deve ser assunto intensamente trabalhado nas escolas e fortalecido dentro das famílias. “Se não tomarmos consciência dessa responsabilidade coletiva, não teremos êxito e o nosso líquido mais precioso terá grandes chances de ficar escasso muito antes do que deveria”, assinalou. O deputado entende, porém, que o Governo tem o poder e o dever de colocar em prática ações que busquem uma maior economia da água.

Para o professor doutor e coordenador da Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco Assis de Souza Filho, a gestão democrática dos recursos hídricos é um desafio que incorpora as demais alternativas da enquete. “Dos três, eu ficaria com esta opção”, opinou.

Na opiniao do especialista, é necessário avançar, entre outros pontos, na gestão da oferta, como, por exemplo, na infraestrutura de reservatórios, de adutoras e canais, com a incorporação de novos mananciais por meio do reúso e da dessalinização, e levando excelência à operação da infraestrutura hídrica. “Na gestão da demanda, é necessário aplicar métodos de conservação de água para reduzir o consumo, que inclui desde medidas de captação e uso da água no local até mecanismos como a cobrança pelo uso excessivo”, assinalouu.

LS/AT