O presidente do Inesp, Paulo Linhares, comentou a idéia de Fortaleza ser uma cidade que não respeita a própria memória. “Há uma sentença cruel de que não se gosta do passado e se destrói o que é mais significativo. Fortaleza não é como Salvador (BA), Recife (PE) ou São Luís (MA), em termos de patrimônio, mas tem o seu patrimônio a ser preservado”, comentou o doutor em sociologia.
O chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Joaquim Aristides, classificou como inadiável a ampliação do debate proposto pela AL por parte de outros setores. “Para que um cidadão possa, de fato, se sentir em casa dentro da cidade, é preciso discutir a noção de patrimônio, a noção de identidade e a construção de uma qualidade de vida diferente da que vemos hoje nas ruas das nossas cidades”, pontuou.
O pensamento foi reforçado pela professora doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Juiz de Fora, Maria Lúcia Bueno Ramos. Ela analisou a cultura das aparências, a partir da expansão da alta costura e da gastronomia refinada, com foco nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo.
“A consolidação da sociedade de consumo teve impacto na dinâmica da moda e da culinária. Deixamos de nos guiar por modelos importados para nos guiarmos por conta própria. As maneiras de comer, beber, vestir e morar remetem à classe social e noções estéticas e morais. A moda e a gastronomia se converteram em espaços de estilo de vida, transformando a prática artesanal em prática intelectual”, disse.
Já o professor do curso de Comunicação Social da UFC, Silas de Paula, tratou do afeto social pelas cidades e do ordenamento urbano de pontos considerados críticos, como o centro de Fortaleza. “Ali é caótico. E a primeira coisa que se fala é em retirar os ambulantes. Nas grandes cidades, fala-se em retirar carros. Aqui, fala-se em retirar gente. É preciso discutir isso. Se Barcelona tem vendedor ambulante, por que Fortaleza não pode ter?”, indagou.
Também participaram do IX FIP o representante do mestrado em políticas públicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alexandre Barbalho, e a coordenadora do Laboratório de Estudos da Cidade da UFC, Linda Gondim.
SERVIÇO
Hoje à tarde, o FIP terá a mesa redonda “A arte e a cidade: dispositivos de ação pública e apropriação cultural”.
As discussões iniciam às 14h30. Nesta quinta-feira (1º/03), outras duas mesas acontecerão: uma às 9h30min, sobre “Coletivos artísticos e recomposição urbana – o caso da Praia de Iracema”; e outra às 14h30min, sobre “Processos de patrimonização da cidade”.
BC/CG