Os temas mais abordados pelos candidatos Elmano de Freitas e Roberto Cláudio foram educação e saúde. Nesta reta final da campanha, os prefeituráveis aproveitaram para trocar acusações e criticar, respectivamente, as gestões do governador Cid Gomes e da prefeita Luizianne Lins
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Apesar dos embates travados durante o evento, candidatos afirmam que o clima na campanha é cordial
Os candidatos a prefeito de Fortaleza neste segundo turno, Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB), participaram de debate realizado pela TV Diário no início da tarde de ontem e apresentaram suas propostas para a população. Os temas mais abordados pelos dois postulantes foram educação e saúde, mas, nesta reta final, eles aproveitaram para trocar acusações contra as gestões Municipal e Estadual. Amanhã, após a novela Gabriela, a TV Verdes Mares realiza o último debate deste segundo turno na Capital.
O evento realizado pela TV Diário teve quatro blocos, e os prefeituráveis tiveram a oportunidade de fazer questionamentos entre si. Logo no início do confronto, Roberto Cláudio questionou o fato de os Cucas não terem sido concluídos pela atual gestão. Ele argumentou que essas obras estavam previstas no Orçamento Participativo (OP), que foi coordenado pelo candidato do PT. Elmano de Freitas lembrou que, quando iniciou os trabalhos no OP, este tinha 40% das obras entregues e, quando saiu, eram 80%. Segundo ele, um Cuca está construído e, até o final do ano, outros dois serão entregue, além de outros que ele pretende concluir se for eleito.
Roberto Cláudio também atacou o funcionamento dos postos de saúde, que, segundo ele, está precário, afirmando que os indicadores melhoraram graças a investimentos da presidente Dilma e do governador Cid. "Eles fizeram a economia brasileira girar para cá. Mas sequer a agência de produção de emprego, que está no plano de governo da Luizianne Lins, ela fez", reclamou.
Elmano, por outro lado, disse que, nos últimos anos, Fortaleza foi a capital que mais aumentou o número de postos de trabalho no Nordeste, com 220 mil pessoas ingressando no mercado de trabalho. O petista reclamou dos "ataques" que estava sofrendo durante o debate. Para Roberto Cláudio, Elmano de Freitas estava fazendo como Luizianne Lins fez durante sua eleição e reeleição: "arrumando intrigas e se fazendo de vítima", declarou.
Saúde
Sobre a construção das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Roberto Cláudio afirmou que a Prefeitura de Fortaleza quis fechar o equipamento localizado no Canindezinho e reclamou da situação da saúde na Capital. Já Elmano disse que, em 2004, o candidato pessebista não estava em Fortaleza para conhecer a realidade do setor antes da gestão petista. Afirmou ainda que Roberto Cláudio, que é médico sanitarista, só atendeu as pessoas durante sete meses.
"Quer atacar minha profissão? Paciência. Porque vocês não cuidaram da saúde e agora querem apontar o dedo e confundir o eleitor", respondeu o prefeiturável do PSB. O embate partiu para o lado pessoal, e Roberto Cláudio disse que o petista teria abandonado cliente e deveria responder à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Não é verdade que eu abandonei meu cliente", alegou Elmano, explicando que, por se tratar de uma banca de advogados, havia processos dos quais ele participava e outros não.
Sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Serviços (PCCS) dos professores de Fortaleza, o pessebista disse que vai implantar aumentos "consistentes" acima da inflação e reclamou da indicação de diretores de escola por vereadores. Elmano rebateu, afirmando que, como presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cláudio não garantiu o reajuste para professores e lembrou episódio no qual seu adversário teria autorizado a Polícia Militar a entrar na Casa.
Elmano ainda, caso seja eleito, dobrar o número de creches e ampliar as escolas em tempo integral, que, de acordo com ele, atualmente atendem 30 mil estudantes na Capital. Roberto Cláudio contestou a informação e disse que, em Fortaleza, não existem escolas em tempo integral, mas apenas jovens indo duas ou três vezes na semana para a instituição de ensino, no período da tarde, para reforço ou atividades esportivas.
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), mais uma vez, entrou no debate político, pois, segundo Elmano, metade da população do Município não tem saneamento básico e existe falta de água regularmente em diversos bairros da cidade. Conforme disse, as multas não foram suficientes para que a Companhia melhorasse os serviços. Para resolver o problema, ele pretende mudar o modo de trabalho com a instituição e criar a Secretaria Municipal do Saneamento, caso seja eleito prefeito no próximo domingo. Roberto Cláudio, por outro lado, acusou o petista de tentar transferir responsabilidades no caso do saneamento e disse que, se a Prefeitura quisesse, poderia ter rescindido o contrato com a Cagece.
Bolsa Família
Outros temas que foram tratados durante o debate foram os boatos sobre o fim do Bolsa Família e obras na orla marítima de Fortaleza, como Vila do Mar, urbanização da Beira Mar e do Serviluz. Os dois candidatos avaliaram positivamente o debate da TV Diário e disseram que, apesar das diferenças de ideias e dos embates mais incisivos principalmente nesta reta final, o clima entre eles é de respeito e cordialidade. Para Elmano de Freitas, o momento foi de apresentação de duas candidaturas distintas, com propostas e posicionamentos diferenciados. " Cumprimos a meta de mais um debate, que é apresentar propostas para o povo de Fortaleza", declarou o candidato petista.
Conforme Roberto Cláudio, é normal o "clima esquentar" na reta final da campanha. Apesar dos embates travados ao longo de todo o debate promovido pela TV Diário, ele deixou claro que existe um cumprimento cordial entre os prefeituráveis. "É um debate de conteúdo e de posições, e a população é quem tem que fazer o juízo de valor. Dizer quem é o mais preparado e se ela quer a continuidade ou mudança. Se for continuidade, tem o candidato da prefeita. Se não, eu coloquei meu nome para representar o povo de Fortaleza".