Sentimento de desapontamento e preocupação partiu das lideranças
FOTO: TUNO VIEIRA
Constará no material a ser elaborado o posicionamento dos setores industrial, comercial e de serviços
Em virtude da declaração da presidente da Petrobras, Graças Foster, de que as novas refinarias terão de brigar entre si por recursos da estatal para sua instalação, o setor produtivo cearense e a bancada de deputados federais decidiu, em reunião ocorrida ontem na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), mobilizar-se em prol do empreendimento.
"A Petrobras jogou a responsabilidade da concretização da refinaria para a gente. Foi uma saída política para melhor passar", declarou a presidente do CIC, Nicole Barbosa. "Desta forma, nós, o setor produtivo, queremos ser os articuladores do ´dever de casa´ que o Ceará tem de fazer para trazer a refinaria.
A primeira ação a ser realizada é a confecção de um documento contendo o posicionamento dos setores industrial, comercial e de serviços do Estado a favor da concretização da usina de refino. De acordo com Nicole Barbosa, o documento será entregue a partir da semana que vem ao Governo do Estado, à Funai, ao Ministério Público e à Casa Civil. "Além de colocarmos nossa discussão, nós buscamos saber qual é o verdadeiro entrave para a refinaria", explica.
Estratégia de ação
Em paralelo a isso, a bancada dos deputados federais cearenses irá se reunir amanhã, em Brasília, para traçar uma estratégia de ação em prol da refinaria cearense. "Temos que matar um leão de cada vez", declarou o deputado Antonio Balhmann. De acordo com ele, o primeiro "leão" deve ser a anuência da Funai em relação à construção do empreendimento. Tal anuência é necessária para que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), possa liberar a Licença de Instalação (LI) da Premium II, que libera o início das obras da usina.
"Se não superarmos esta questão dos índios, não temos condição de irmos pra frente na luta pela refinaria. A cada ano, os planos da Petrobras são alterados, e os cronogramas das refinarias podem mudar. Temos que brigar pela Premium II", disse.
O deputado federal Danilo Forte reforçou que a resolução do problema do terreno é o primeiro "dever de casa" a ser feito. "Temos que fazer um termo de ajuste de conduta junto com essa comunidade dos anacés. A Funai já fez três laudos e nenhum foi conclusivo", afirma.
"A Petrobras é uma empresa de economia mista que tem ações em bolsas de valores, ela não pode correr o risco de estar investindo recursos e depois ter um imbróglio jurídico que venha a prejudicar o empreendimento, e isso tem repercussões muito grandes", complementou.
Marco de luta
O presidente da Fiec, Roberto Macedo, declarou que o dia de ontem marca "o início de um processo de luta onde todos deverão estar envolvidos". "A sociedade como um todo deve se envolver, todos os cearenses devem colocar suas energias e buscarem, de alguma forma, intervir para que os seus representantes na Assembleia Legislativa, na Câmara de Vereadores e federal, no Senado, todos façam pressão para que o governo entenda o quanto que é importante para o Ceará este empreendimento".
Inferioridade
O industrial se mostrou preocupado com o atraso no empreendimento. "O que não vai entrar de recursos com esse atraso nos deixa em uma condição de inferioridade com relação a Pernambuco, que já está com metade de sua refinaria em andamento, e o Maranhão, que já iniciou as obras de terraplanagem", afirmou. "Não podemos deixar que deem uma rasteira na gente,. Não podemos ficar esperando que as coisas vão andar sozinhas. O nosso desafio é fazer o movimento que acho que o Ceará ainda não fez em prol deste empreendimento".
A organização do evento convidou representantes da Petrobras, da Funai, do Ministério Público e do Governo do Estado, mas nenhum esteve presente.
OPINIÃO DO ESPECIALISTAMotivação da Petrobras é uma incógnita
Jair do AmaralEconomista
É difícil saber a motivação que levou a direção da Petrobras a adiar mais uma vez o início da construção da Refinaria Premium no Ceará. Há, pelo menos, três hipóteses prováveis: primeiro, a crise mundial atual, e as previsões desanimadoras para os próximos anos, podem ter desacelerado o ritmo de investimento da empresa. No entanto, um outro motivo pode estar também atuando sobre a redução desse ritmo, isto é, a falta de capital suficiente para poder manter o cronograma de investimento da companhia; segundo, o grau de complexidade do problema relacionado à viabilidade do terreno de instalação; e, por fim, o compromisso político da presidente atual não é o mesmo que o compromisso político do ex-presidente Lula, o autor da promessa da instalação da refinaria. Uma quarta hipótese ainda é possível, qual seja, que a Petrobras tenha concluído pela inviabilidade técnica e econômica da fixação da refinaria no Ceará. No mais, só abrindo a caixa preta da Petrobras.
Sondas devem ser construídas no País
Brasília. As 33 sondas que serão contratadas pela Petrobras a partir de 2016 serão construídas no Brasil e terão aproximadamente 55% de conteúdo local.
A informação consta no Plano de Negócios 2012-2016 da empresa, divulgado hoje (25) no Rio de Janeiro.
Entre 2007 e 2012, 35 sondas foram contratadas, todas construídas no Exterior. Petrobras afirma que esse tipo de equipamento será importante a partir de 2016, daí a decisão de produzir 33 novas aqui no Brasil FOTO: DIVULGAÇÃO
"Essas sondas são importantes para nós a partir de 2016. Temos sete já contratadas. Teve um problema no EAS . Eles tiveram problemas, mas está em vias de solução", disse o diretor de Exploração e Produção da empresa, José Miranda Formigli.
Segundo ele, agora, a construção dessas sondas será acompanhada de perto por equipes da Petrobras.
Atraso nos projetos
Entre 2007 e 2012, haviam sido contratadas 35 sondas, todas construídas no exterior.
Houve grande atraso nos projetos das últimas sondas previstas para serem entregues este ano. Somando-se o atraso referente às dez sondas entregues no ano passado, o prazo total ficou em 542 dias.
Como todas elas foram construídas fora do País, a presidente da empresa, Graça Foster, disse que a política de conteúdo local não teve nenhuma relação com o problema.
Explicação
"As sondas foram construídas no exterior. Isso pode ser explicado pelas demandas por bens e serviços que estão aquecidas mundialmente", argumentou a presidente da estatal petrolífera, na tentativa de explicar o que pode ter ocorrido.
SÉRGIO DE SOUSAREPÓRTER