Discurso de Cid na Câmara foi acompanhada de comitiva cearense de políticos. Foram expulsos do plenário após decisão de Cunha
FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e a Câmara Municipal de Fortaleza aprovaram ontem moções de repúdios com um alvo em comum: o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). Os textos criticaram a forma como o parlamentar conduziu a sessão do último dia 18 de março, que teve a presença do então ministro Cid Gomes (Pros). Ele foi à Casa para prestar esclarecimentos sobre a acusação, feita no Pará, de que o Parlamento teria de 300 a 400 “achacadores”. Segundo o texto aprovado com 25 votos a favor, o comportamento de Cunha foi “de encontro às prerrogativas dos parlamentares, que ficaram numa situação constrangedora”. A nota também afirma que os membros do parlamento federal sempre foram bem tratados em suas passagens pela Assembleia.
Oposição
Mas nem todos os presentes na sessão de ontem apoiaram a iniciativa de Wellington. Houve oito votos contrários. Danniel Oliveira (PMDB) foi um deles. Segundo o deputado, a aprovação da nota seria “uma atitude de um poder, que é o Poder Legislativo do Estado do Ceará, contra um outro poder, que é o Poder Legislativo do Brasil”. Ele disse temer que o texto pudesse prejudicar as relações com os colegas da Câmara Federal em um cenário que o Ceará precisará de recursos oriundos de Brasília. “O próprio governador vive em Brasília, com o pires na mão, atrás de arrecadar qualquer coisa para melhorar a situação do Estado”, comenta.
É o tipo de preocupação que seu colega Ely Aguiar (PSDC) compartilha. O parlamentar também questiona a relevância do tema para o Estado. “Esta Casa passou vários dias sem sessões. Quando volta, fica discutindo um tema que não interessa a população”, reclama. Ele também criticou a ida da caravana de aliados a Brasília - entre eles o governador Camilo Santana (PT) -, classificada por Eduardo Cunha de “claque”. Na opinião de Ely, acabou-se esvaziando o poder no Estado.
Zezinho Albuquerque (Pros), presidente da Assembleia, discordou. Ele confirmou que, de fato, vários deles foram a Brasília para prestigiar a fala de Cid. Entretanto, também lembrou que o orçamento havia sido aprovado no dia anterior, e que vários dos membros do Executivo foram buscar recursos das emendas junto aos deputados federais. “Como o governador, que já estava lá desde o dia anterior. E visitou vários ministérios”, exemplifica.
Câmara Municipal
No Legislativo municipal, o texto proposto por Adail Júnior (Pros) rachou o plenário. A moção foi aprovada por nove votos a oito, com a bancada do PMDB se opondo à iniciativa. O presidente da Casa, Salmito Filho (Pros), também esteve presente na sessão em Brasília com o ex-ministro Cid Gomes.
Saiba mais
O deputado Tin Gomes (PHS), em discurso no plenário da Assembleia, afirmou que se tivesse encontrado com Eduardo Cunha na rua no último dia 18, “ele ia apanhar era de mim”.
Já Ferreira Aragão (PDT) afirmou, “sem medo de ser fuzilado”, que o presidente da Câmara dos Deputados era mais sujo do que “pau de galinheiro” e “chão de oficina”.