TASSO E ALGUMAS SURPRESASEmbora sem momentos mais agressivos, houve vários aspectos bastante interessantes no debate. Por várias razões, Tasso Jereissati (PSDB) foi a principal atração e alvo dos demais. Por um lado, pelo mesmo motivo que Eunício Oliveira (PMDB) também foi o foco uma semana antes: ambos lideram as pesquisas divulgadas até agora. Além disso, houve o fator novidade. Tasso só participou de debate na eleição de 1986. Depois que foi eleito para o primeiro de seus três mandatos de governador, jamais participou de debates eleitorais. A estratégia de participar desta vez se mostrou certeira. Ausente, certamente teria sido muito mais bombardeado. Presente, se mostrou muito à vontade. Nem parecia reestreante. Falou de forma incisiva e fez, talvez, o discurso mais claro. Uma surpresa: foi também o mais duro, até agressivo em alguns momentos. Quando perguntou e foi perguntado por Mauro Filho (Pros), fez críticas contundentes aos governos de Dilma Rousseff (PT) e de Cid Gomes (Pros). Também questionou Raquel Dias (PSTU) sobre a rejeição a grandes intervenções hídricas e indagou como ela pretendia combater a seca sem obras. E protagonizou um dos momentos mais interessantes do programa, quando foi questionado pela candidata do PSTU sobre seu patrimônio e mergulhou na arena em que o partido de Raquel está habituado a duelar. Adentrou na discussão sobre a história do capitalismo, defendeu conquistas propiciadas pelo sistema e apontou que experiências socialistas não asseguraram nem renda nem bem-estar social à população. Foi curioso, pois, geralmente, candidatos que lideram pesquisas evitam travar tais discussões ideológicas, com representantes de pequenos partidos.
A DEMARCAÇÃO DE MAURODa mesma forma que fez Camilo Santana (PT) no debate de uma semana antes, Mauro Filho não foi para a briga, apesar de estar atrás nas primeiras pesquisas. A estratégia foi mais cuidadosa. Ressaltou a experiência administrativa, mostrou conhecimento técnico, falou com a desenvoltura de quem é parlamentar de longa data. E, sobretudo, procurou se associar à imagem do governador Cid Gomes (Pros), da presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Lula. Mauro tem em suas alianças políticas o trunfo eleitoral maior. E demonstra que percebe no atrelamento do adversário principal a Aécio Neves (PSDB) a arma para derrotar Tasso. Sua pergunta ao tucano, sobre o porque de se opor a Dilma, passou longe de confrontá-lo. Pelo contrário, deu espaço para defender ideias já conhecidas e fazer críticas recorrentes ao Governo Federal. Para Mauro, a ideia era justamente expor essas diferenças – que entende serem sua arma principal. Desse ponto de vista e com base em estratégia de evitar embate, o debate atendeu exatamente o que pretendia.