De Assis, presidente estadual do PT, reafirma a oposição em defesa da relação da presidente Dilma e ampliação da bancada parlamentar.
FOTO: BRONO GOMES
Mesmo sem participarem da disputa por vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados, os vereadores da Câmara Municipal de Fortaleza que não pretendem ser candidatos no pleito deste ano revelaram como trabalharão forte em prol de outros nomes, abrindo espaço para que até mesmo os opositores declarados do Governo do Estado recebam apoio de parlamentares do próprio partido do governador Cid Gomes.
O vereador Adelmo Martins (PROS), por exemplo, revelou que vai participar da campanha de reeleição da deputada estadual Fernanda Pessoa (PR). O parlamentar lembrou que, anteriormente, era representante do PR na Câmara, chegando até a ocupar o cargo de liderança do partido. Por essa razão, justifica, disse ainda ter um compromisso com a antiga legenda dele.
Fernanda Pessoa compõe a bancada de oposição a Cid Gomes na Assembleia, mas Adelmo Martins assegurou não ter sofrido nenhuma pressão do partido para deixar de defender a ex-colega de legenda. De acordo com o vereador, na época em que decidiu ir para o PROS, deixou bem claro aos correligionários que apoiaria a reeleição da deputada em retribuição à ajuda que ela lhe prestou durante o período em que ele fazia parte do PR.
"Não posso esquecer o passado. Tenho um compromisso com a Fernanda Pessoa, que foi em quem votei quando estava no PR. Mas eu falei isso para o prefeito logo quando fui convidado para me filiar ao PROS. Por isso, eu não quis nem ser líder de partido no primeiro momento, mas depois que passar as eleições, isso muda", explicou ao alegar que, após o pleito, ele ficará à disposição para atuar como líder da sigla no Parlamento.
A situação do vereador Adail Júnior (PROS) é semelhante a de Adelmo Martins. Ele já declarou apoio à reeleição do deputado estadual Roberto Mesquita (PV), apesar de este também compor a bancada de oposição na Assembleia. Anteriormente, Adail era representante do PV e também alegou ter informado ao Pros sobre esse apoio logo quando trocou de sigla.
Encontro do partido
"Quando fui para o PROS, deixei bem claro que iria apoiar o Roberto Mesquita, porque ele sempre me apoiou muito na região do Antônio Bezerra. Quanto ao nome para deputado federal, nós estamos aguardando o encontro do partido para definir esse apoio", pontuou Adail, frisando que defenderá uma candidatura do PROS na disputa da Câmara dos Deputados.
Já o vereador Fábio Braga (PTN), apesar de não ser do mesmo partido do governador Cid Gomes, faz parte da base aliada do prefeito Roberto Cláudio e definiu apoio à candidatura da deputada estadual Eliane Novais (PSB), outra representante da oposição, a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Fábio Braga, que já foi do PSB, negou haver pressão do PTN por essa decisão e lembrou que nem mesmo seu partido já definiu como atuará nas eleições deste ano para o Governo do Estado. "Nós ainda estamos aguardando como o PTN vai se posicionar em nível estadual. Então, ainda está tudo em aberto", respondeu o parlamentar.
A decisão do vereador Fábio Braga representa também a falta de apoio ao colega de partido, já que ele não defenderá a candidatura do vereador Alípio Rodrigues (PTN), que vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. A falta de apoio entre os vereadores é outra situação revelada durante as eleições deste ano.
O vereador John Monteiro (PTdoB) vai disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará e, mesmo fazendo parte do partido do vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB), não vai trabalhar em prol da candidatura do colega de legenda ao cargo de deputado federal. O parlamentar admitiu que vai apoiar o nome de um empresário filiado ao PSL que disputará uma cadeira na Câmara dos Deputados pela primeira vez.
Coordenador de campanha
O vereador Ronivaldo Maia (PT) também antecipou que não pretende apoiar a candidatura de nenhum vereador que compõe a bancada petista na Câmara Municipal. O parlamentar destacou que vai trabalhar como coordenador político das campanhas de Antônio Carlos (PT) - que chegou a atuar como suplente na Assembleia - a deputado estadual e a reeleição de Eudes Xavier (PT) a deputado federal, além de militar em defesa dos nomes de Elmano de Freitas para a Assembleia e de Luizianne Lins para a Câmara Federal.
"Como os nomes de Antônio Carlos e Eudes Xavier não têm tanta força, vou me dedicar mais a eles como coordenador de campanha. No caso do Eudes, acho que ele vai sofrer bastante perseguição política dos Ferreira Gomes, tornando a reeleição mais difícil. Talvez seja até preciso que eu faça mais viagens ao Interior para combater isso", adiantou o petista ao dizer que cogita se afastar da Câmara para atuar como coordenador político.
A decisão de Ronivaldo Maia o afasta da defesa pelas candidaturas já confirmadas do vereador Guilherme Sampaio (PT) à Assembleia e dos parlamentares Deodato Ramalho (PT) e Acrísio Sena (PT) à Câmara dos Deputados. "O Guilherme faz parte do mesmo campo político, mas não somos do mesmo grupo. Ele representa o coletivo Casa Vermelha, que reúne principalmente colegiados ligados à educação, cultura e juventude", esclareceu Ronivaldo sobre a divisão.
Militância
A vereadora Toinha Rocha (PSOL) também não assegurou o apoio a uma possível candidatura de João Alfredo (PSOL) à Assembleia Legislativa e garantiu apenas que defenderá o nome de qualquer filiado do PSOL. A parlamentar destacou que a militância do partido não deve se restringir a pedir votos para A ou B. "Independentemente de quem seja escolhido, vou trabalhar para pedir o voto para o PSOL. Eu mesma, quando candidata a vereadora, fiz campanha para João Alfredo", enfatizou.
Toinha Rocha alegou ainda não ter definido se será candidata a deputada estadual. A decisão da vereadora depende de outros nomes da legenda. Se João Alfredo e Renato Roseno disputarem uma cadeira na Assembleia Legislativa, ela não lançará candidatura. Caso algum dos dois decida por concorrer à deputado federal, ela entrará na briga por uma vaga.
Prioridades do PT cearense em 2014
Os partidos políticos com representatividade no Ceará, desde o ano passado, já se movimentam no intuito de fazerem o maior número de representantes nas casas legislativas no pleito de outubro próximo, e alguns tentarão emplacar também um nome para disputar o Governo do Estado. Mas que eventos essas legendas têm feito para discutir internamente com seus grupos políticos? Quais suas propostas para o Estado, e que debate democrático tem feito com a população?
O Partido dos Trabalhadores, uma das principais representações políticas do Ceará, com 98 mil filiados, 30 prefeituras e 184 vereadores já realizou três reuniões plenárias ao longo do ano, além de eventos regionais (um, inclusive, com a presença do presidente nacional, Rui Falcão). No entanto, com os seus pretensos candidatos à disputa nas eleições, nenhuma reunião específica foi realizada ainda.
Caravanas
O partido tem como prioridade em todas as 27 unidades federativas do País reeleger a presidente Dilma Rousseff, e, em segundo plano, manter aliança com os partidos da base. Segundo o presidente da sigla no Ceará, De Assis Diniz, ainda não há uma definição sobre apoio à candidatura de um indicado pelo governador Cid Gomes (PROS), mas o caminho que está se configurando, conforme informou ao Diário do Nordeste, é esse, posição reafirmada por outros integrantes da agremiação.
Conforme disse, o PT vem se encontrando desde o início do ano, procurando construir uma estrutura de programa que descentralize os investimentos no Estado, que são feitos, prioritariamente, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) possibilitando a criação de um desenvolvimento maior para o Interior. A base dos debates nas caravanas petistas nos municípios ao longo do ano visa justamente, segundo disse, a busca por um debate de descentralização do desenvolvimento social.
"O que se tem feito na política é uma limitação muito grande. É inadmissível manter o desenvolvimento apenas na Região Metropolitana de Fortaleza. Se considerarmos do ponto de vista a população economicamente ativa, Fortaleza concentra 29% dos investimentos, e RMF mais 52%", disse o dirigente.
Amostragem
O segundo debate a ser colocado em pauta, conforme defendeu, é o tipo de desenvolvimento que se quer dar ao Estado. A ideia dos debates petista que estão sendo realizados é procurar dimensionar a base de um processo cultural, ambiental, político e econômico.
"Queremos radicalizar a democracia, buscar erradicar a pobreza, combater a violência em todos os níveis e tratar da convivência de políticas públicas para o semiárido", disse De Assis, afirmando ainda que o debate eleitoral possibilita fazer uma amostragem de tais questões, de forma mais profunda.
O Partido dos Trabalhadores, atualmente, disputa com o PSD, outro aliado do Governo estadual, em número de prefeituras e de vereadores, superando-o porém, em relação ao número de filiados. Na Assembleia Legislativa possui quatro representantes, sendo dois que irão tentar reeleição (Rachel Marques e Professor Pinheiro) e os outros dois tentarão vaga na Câmara Federal (Camilo Santana e Dedé Teixeira). Tem ainda um senador, José Pimentel, e quatro deputados federais (José Nobre Guimarães, Artur Bruno, Eudes Xavier e José Airton). Bruno é o único que não disputara reeleição. Ele quer voltar para a Assembleia.
Mobilização
A agremiação tem defendido como prioridade para as disputas deste ano, a reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Esta é a nossa prioridade zero", afirmou o presidente do partido no Ceará. Para além da mobilização em torno de Dilma, nos estados em que não terá candidato ao Governo, a ideia é reforçar a bancada de deputados federais e senadores, e o Ceará é um desses estados. "Queremos estar na chapa majoritária, indicando o nome do deputado José Nobre Guimarães para a vaga de senador. Queremos ampliar o número de deputados federais para cinco ou seis, e manter ou ampliar a representação na Assembleia", disse.
Para isso, o partido já realizou, internamente, o debate entre os pretensos candidatos, e como a legenda trabalha com prazos, para ser candidato, cada pretendente teve que, obrigatoriamente, ter 1/3 de aprovação dos filiados da legenda, ou 5% do apoio dos membros do diretório, ou ainda 1% de aceitação dos eleitores do Processo de Eleições Diretas (PED), realizado no ano passado. Apenas 11 pré-candidatos a deputado federal e 12 a deputado estadual atingiram um desses requisitos e poderão participar do processo eleitoral pelo Partido dos Trabalhadores em outubro.
Além de defenderem a candidatura de José Nobre Guimarães para o Senado, estão cotados para disputar uma vaga na Câmara Federal Luizianne Lins, José Airton, Eudes Xavier, Dedé Teixeira, Camilo Santana, Acrísio Sena, Deodato Ramalho, Célia Romero, Antônio Emiliano, Odorico Monteiro e Antônio Ferreira Lima. Para a Assembleia Legislativa o PT quer apresentar alguns novos nomes.