Ex-senadora Marina Silva anunciou filiação ao PSB de Eduardo Campos no último sábado, 5, após sua Rede Sustentabilidade ter sido barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
FOTO: ALAN MARQUES/FOLHAPRESS
Esvaziados no Ceará após período de troca de partidos, PSB e PSDB apostam na aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva (ambos PSB) como forma de reforçar palanques de oposição a Cid e Ciro Gomes (Pros) no Estado. Segundo lideranças das legendas, a união ajudará a “atrair atenção” para além da candidatura de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e terá reflexos nos Estados. Ambos os partidos, no entanto, enfrentam o mesmo problema: construir chapa de peso para disputar a sucessão estadual.
Principal beneficiado com a união entre o governador de Pernambuco e a ex-senadora no Estado, o PSB deve usar visibilidade de Marina para “encorpar” chapas para a Câmara dos Deputados – esvaziadas depois da debandada do grupo político do governador Cid Gomes para o Pros. “Tivemos a filiação de diversos políticos próximos de Marina ao PSB no Ceará, como do articulador da Rede Sustentabilidade no Estado, Dimas Oliveira, que deve ser candidato a deputado federal”, diz o presidente do PSB cearense, Sérgio Novais.
Ele destaca que Marina Silva teve votação expressiva no Estado em 2010 – 686,7 mil, com apenas 121 votos a menos que o segundo colocado, José Serra (PSDB) –, e que o índice pode se repetir em uma possível candidatura do partido ao Palácio da Abolição. “Os dois tem raízes aqui. Marina é filha de cearenses e Eduardo é neto, então o Ceará é um dos Estados de maior identidade deles”, diz.
Já para Luiz Pontes, presidente do PSDB cearense, a aliança reforça palanques da oposição como um todo, o que terá reflexos no Estado. “Quanto mais candidatos fortes de oposição nós tivermos, mais podemos dar opção de escolha, o que é importante. Quem deve estar preocupado são apoiadores da Dilma, porque o desejo dela era de que Marina não tivesse candidatura nenhuma”. Apesar de garantir que tucanos apoiarão candidatura de Aécio Neves (PSDB) no Ceará, Pontes não descarta possível aliança entre forças de oposição a Cid – como PSDB, PR e PSB – no Estado. “Ainda é prematuro, no entanto, qualquer fala sobre isso”.
Já o presidente de honra do PR no Ceará, Roberto Pessoa, não esconde que já estariam avançadas conversas com o PSB no sentido de formar aliança anti-cidista para o Ceará em 2014. Pessoa, no entanto, adianta: deve apoiar reeleição de Dilma Rousseff.
Em entrevista ao O POVO na manhã de ontem, o secretário de Saúde do Ceará, Ciro Gomes (Pros), classificou como “surpreendente e muito interessante” a aliança entre Campos e Marina Silva. “Isso obriga a presidente Dilma a abrir o olho, o que é bom para o Brasil”. No último sábado, Ciro teria dito, segundo jornal O Estado de S. Paulo, que aliança entre os dois seria soma de “dois zeros”, sem propostas para o País.
Chapa majoritária
Apesar de um possível crescimento da oposição por conta do apoio de Marina Silva, PSB e PSDB ainda enfrentam dificuldades para construir chapa de peso para disputar sucessão estadual no Ceará. Nas últimas semanas, o partido de Eduardo Campos tentou atrair a ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e o deputado Heitor Férrer (PDT) para disputar pela legenda – sem sucesso. Já a principal força política do PSDB no Estado, Tasso Jereissati, descartou na semana passada candidatura ao Governo do Estado. “É um retrocesso”, disse.
Saiba mais
“Perplexidade” de militantes preocupa Rede
Diante da repercussão negativa da filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB e da “perplexidade” da militância jovem diante do anúncio, João Paulo Capobianco, ex-coordenador da campanha presidencial do PV em 2010 e membro da Comissão Nacional da Rede Sustentabilidade, disse que os aliados terão de se dedicar a dar explicações sobre a decisão de se coligar ao partido de Eduardo Campos.