Deputado Ronaldo Martins alegou que a água utilizada pela população pode ser contaminada por agentes oriundos de medicamentos vencidos
FOTO: ALEX COSTA
O deputado Ronaldo Martins (PRB) cobrou do Governo do Estado que fiscalize e faça cumprir Lei aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo próprio governador Cid Gomes, que trata do descarte de medicamentos vencidos nas residências de cearenses. Segundo ele, o problema é tão sério que, muitas das vezes, a água utilizada pela população pode ser contaminada por agentes tóxicos provenientes desses produtos jogados em qualquer espaço da cidade.
No próximo dia 5 de julho o republicano irá realizar um seminário sobre a legislação em vigor, onde foram convidados representantes de toda a cadeia produtiva, prefeituras e membros das secretarias do Estado. "A Lei é bastante simples e aplicável. É claro que isso não pode ser feito de outro modo, se não a incineração e as estimativas são de que toneladas de medicamentos estão em casa de pessoas", reclamou.
De acordo com Martins, os dados são alarmantes, visto que parte dos medicamentos vencidos vai para o lixo comum, além de esgotos, podendo causar acidentes que ocasionariam problema à saúde da população e contaminação do meio ambiente. Segundo denunciou, nem os organismos de saúde ou a vigilância sanitária sabem colocar em prática a Lei que foi aprovada na Casa Legislativa.
"Acabamos descobrindo que em todo o Estado do Ceará só temos dois incineradores de medicamentos, e ambos são privados. Uma pequena parte apenas é descartada e todo o resto vai para o lixão e terreno baldio", denunciou o republicano.
Poluentes
Conforme informou, esses medicamentos vencidos produzem poluentes altamente tóxicos, que contaminam a água e a atmosfera. Apesar do tratamento da água, nos esgotos a "mancha" não é tratada, visto que necessita de processo especial. Tudo isso agrava o meio ambiente e retorna para o consumo humano, disse o deputado.
Segundo ele, com o descarte de medicamentos no lixo comum, catadores e outras pessoas acabam recolhendo o produto, muitas vezes, oferecendo a outras pessoas para que elas consumam causando uma grave ameaça, principalmente à população mais carente e desinformada sobre os prejuízos de um medicamento com data de validade vencida.
"É uma verdadeira farmácia do mal a céu aberto. Quando nos deparamos com denúncias da imprensa, devemos ficar preocupados com os riscos à população. Nós nos reunimos com o grupo de trabalho para discutir a execução dessa Lei e lá temos representantes do comércio varejista de medicamentos, poder público de Estado e prefeituras, além de farmácias A cada discussão que fazemos, mais abismados ficamos com a irresponsabilidade dos diversos níveis de Governo com essa situação", disparou o parlamentar.
O deputado sugeriu que fosse contratado uma empresa de logística para a reserva desses produtos, mas conforme informou, o laboratório fabricante não tem nenhuma preocupação com o descarte do material, assim como o distribuidor e a farmácia também, o que termina no consumidor, que joga na rua, sem saber as consequências dos males ocasionados. "O único incinerador de Fortaleza só cobra parte bem pequena da população. A maior parte vai direto para o meio ambiente, inclusive, o lixo hospitalar. Cada um quilo de lixo comum é bastante para contaminar 400 mil litros de água", alertou.
Roberto Mesquita (PV) lembrou que deveria existir uma "logística reversa", onde aquele que distribui o produto deveria ser o mesmo que recolhesse o vencido. Segundo ele, é comum encontrar pessoas desavisadas fazendo uso de medicamentos vencidos, o que ocasiona problema para saúde delas.