"Questão emergencial"
O presidente da Câmara Federal, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), nordestino do Rio Grande do Norte, recomendou ao presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos daquela Casa, o também nordestino Inocêncio Oliveira, do PR de Pernambuco, a instalação de uma comissão sobre a seca no Nordeste, na primeira quinzena de maio próximo.
Seria esta uma boa informação se nunca houvesse sido criada nenhuma outra comissão, tanto lá quanto aqui, na Assembleia Legislativa cearense, para buscarem soluções para as consequências danosas causadas pelo fenômeno a todo ano esperado pelo cearense mais cético. Diz o presidente da Câmara estar sendo criada mais uma comissão não para "apenas discutir, mas queremos votar na semana seguinte projetos que deem solução estruturante".
Projetos existem. Soluções, idem. O deputado Henrique Eduardo Alves sabe muito bem disso e de muito tempo. O seu pai, Aluísio Alves, foi ministro de Estado em mais de uma oportunidade. Uma delas foi no Ministério da Integração Regional (o nome da época), no Governo Itamar Franco. E Aluísio Alves, em 1994, deu contribuição importante para o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco, uma das soluções para amenizar o sofrimento dos nordestinos que há quase vinte anos ainda está em execução.
Conhecendo a realidade da Região, e "o tema se repete há séculos, mas fica sempre na questão emergencial", como ele próprio afirmou, o deputado poderia dispensar a comissão e exigir do Governo Federal cumprir com sua obrigação e, como não fez o que deveria ter feito antes, socorrer emergencialmente a todos os atingidos, com o respeito a que deve se dispensar ao ser humano.
O paliativo hoje liberado para as vítimas, humanos e irracionais, está muito aquém das necessidades reclamadas pela dignidade dos alcançados pela seca. O nordestino merece muito mais, também por que é digno de respeito.