Hoje, a partir das 10 horas, a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa realiza em Limoeiro do Norte audiência pública para avaliação do andamento do processo criminal e do tratamento dado às causas do assassinato do líder comunitário e ambientalista José Maria Filho (mais conhecido como Zé Maria do Tomé), ocorrido em 21 de abril de 2010. A expectativa é de que participem representantes das secretarias estaduais da Segurança Pública e de Justiça e Cidadania; da Coordenadoria dos Direitos Humanos do Ceará; do Tribunal de Justiça do Estado e do Ministério Público.
Ao denunciar, no ano passado, supostos mandantes e executores do crime, o Ministério Público confirmou o que já se suspeitava: o assassinato foi decorrência do incômodo causado pela atuação do ambientalista contra o uso excessivo de agrotóxicos em grandes plantações na Chapada do Apodi. Desde então, cresce a pressão para que o processo criminal tenha o desfecho esperado pela sociedade, com os culpados punidos.
Ao lado da necessidade da punição dos responsáveis pelo crime, permanece o problema gerador de tudo: o uso excessivo e indiscriminado de agrotóxicos na área denunciada pelo ambientalista morto. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará há muito emitiu um laudo constatando a presença de substâncias de alta toxidade na água consumida por moradores da área. Essa contaminação é apontada como responsável por doenças de vários tipos: câncer (leucemia), dermatite alérgica, problemas neurológicos, doenças do fígado e dos rins e até má formação de fetos.
Contudo, tais malefícios não se restringem aos moradores da área, já que o veneno se infiltra nas frutas e produtos hortigranjeiros levados ao mercado. Pesquisadores respeitados não só denunciam isso, mas, propõem alternativas, como a pesquisa, produção e uso de defensivos agrícolas naturais e a agricultura orgânica. Afinal, se trata da saúde e da vida das pessoas.
Chegar a uma solução pautada na ética e no senso de justiça foi tudo pelo qual lutou o ambientalista Zé Maria e por isso terminou pagando um alto preço: a própria vida. Não podemos permitir que o seu sacrifício caia no esquecimento.