Candidato do PSB avalia que o segundo turno serviu para aprofundar propostas e evidenciar contradições
Mesmo admitindo uma disputa "apertada" pela Prefeitura de Fortaleza, o candidato Roberto Cláudio (PSB) foi às urnas confiante de que o desejo de mudança que disse ter sentido na cidade o elegeria. Para ele, os debates no segundo turno foram importantes no sentido de aprofundar as propostas e evidenciar as contradições dos dois candidatos, acreditando que o eleitor estaria seguro para definir o futuro da Capital. Roberto Cláudio disse ainda que, caso eleito, a relação com o PT local não deve dificultar a busca de parceria e apoio da presidente Dilma (PT).
Acompanhado de políticos que o apoiaram durante a campanha, o pessebista chegou ao seu local de votação, no Colégio Batista, por volta das 10h da manhã de ontem. Foi aplaudido por apoiadores e militantes e, juntamente com o governador Cid Gomes (PSB), cumprimentou eleitores e agradeceu o apoio recebido ao longo da campanha. Sem enfrentar filas, Roberto Cláudio confirmou seu voto e disse estar otimista de que o resultado do pleito seria favorável a ele.
"Tenho muita fé que o nosso povo vai querer mudar o destino da cidade nos próximos quatro anos. Esse é o sentimento que eu tenho colhido nas ruas de Fortaleza", declarou. Para ele, Fortaleza precisa de uma administração que dialogue melhor com a cidade. Ele afirmou ainda ter percebido a Capital "tranquila e animada" do dia da votação.
Controle
Conforme Roberto Cláudio, não há como dizer o que definiria a eleição deste ano. "Ninguém controla isso, é o que a cidade vai querer. Só a democracia e o voto popular podem definir. A gente está fiscalizando, eu vou visitar as seções, mas o que tinha pra ser feito já foi feito. Agora é o povo que vai dizer o que vai acontecer nos próximos quatro anos".
Roberto Cláudio disse ter focado a sua campanha em bairros onde não havia ido bem no primeiro turno. "Descobrimos que o insucesso aconteceu em virtude de muitos boatos falsos", reclamou, acrescentando que, nos últimos dias, esses boatos foram esclarecidos. Para ele, os debates no segundo turno deram maior profundidade sobre os projetos e esclareceram as contradições dos candidatos.
O pessebista afirmou que se candidatar pela primeira vez a um cargo majoritário foi importante para que ele compreendesse melhor os problemas da cidade. Roberto Cláudio reconheceu ainda que a disputa, mesmo no dia do pleito, foi bastante acirrada. Caso seja eleito, acredita que significa uma resposta da população fortalezense por mudança. Questionado se estaria pronto para cumprir suas promessas, o pessebista disse ter tido o cuidado de calcular os recursos necessários. "Nós temos viabilidade financeira para cumprir tudo o que foi proposto", completou.
Sendo eleito, Roberto Cláudio disse que suas primeiras ações serão percorrer os 92 postos de saúde já no primeiro mês de gestão para encaminhar a resolução dos problemas, fazer limpeza na cidade, tapar buracos e implantar o Bilhete Único no prazo de três a seis meses.
No que se refere à relação com a presidente Dilma, Roberto Cláudio acredita que, sendo eleito, a relação com o PT local não deve trazer dificuldades. "Continuamos aliados ao PT no âmbito nacional e estadual", ponderou, acreditando que Dilma não negaria apoio para projetos de Fortaleza. "É importante que se diga que, neste palanque, estão outros partidos da base da presidenta", acrescentou. Roberto Cláudio citou ainda o apoio de parlamentares federais, o que, segundo ele, "dá apoio político para buscar recursos".
Comitiva
Durante quase todo o dia de ontem, uma comitiva em apoio a Roberto Cláudio seguiu o candidato e seus apoiadores para votar. Inicialmente, foram para o Colégio Batista acompanhar a votação do postulante o governador Cid Gomes, o senador Eunício Oliveira, os ex-candidatos Inácio Arruda, André Ramos e Valdeci Cunha e outros deputados e apoiadores.
Em seguida, a comitiva se dirigiu ao Colégio Adauto Bezerra, onde votaria André Ramos. Na ocasião, Inácio Arruda e o ex-deputado Chico Lopes ouviram questionamento de eleitores por terem escolhido apoiar o PSB, e a justificativa foi de que não havia como apoiar o PT após o que vivenciaram na atual gestão e as críticas que fizeram. Em seguida, a comitiva seguiu para o local de votação de Valdeci Cunha.
Ao longo do trajeto, outros políticos integraram a comitiva, como o vice-governador Domingos Filho e o deputado Danniel Oliveira. Roberto Cláudio e Cid Gomes sempre cumprimentando os eleitores e sendo assediados com apoios e também cobranças de compromisso com as propostas apresentadas. Eles acompanhavam os seus apoiadores até as salas onde estavam instaladas as seções e pouco encontraram com fiscais e militantes do candidato adversário.
Após a votação de Valdeci, eles seguiram para o bairro Dias Macêdo, onde votaria Inácio Arruda. O ex-candidato e outros políticos que integravam a comitiva precisaram esperar, pois, no caminho, Cid e Roberto Cláudio foram à sede Polícia Federal, onde militantes do PSB estariam presos por suposta boca de urna.
Após a votação de Inácio, eles ainda acompanharam, respectivamente, o candidato a vice Gaudêncio Lucena, o ex-postulante a vice Alexandre Pereira, o senador Eunício Oliveira e a esposa de Roberto Cláudio, Carolina Bezerra, em suas seções. Estava previsto na agenda do candidato uma missa, ao meio-dia, na Catedral, mas foi cancelada em razão do acompanhamento aos apoiadores. Em seguida, Roberto Cláudio aguardaria a apuração em casa e depois, independentemente do resultado, seguiria para o seu comitê.
O governador Cid Gomes classificou a disputa na Capital como "emocionante", considerando principalmente o acirramento entre as duas candidaturas no segundo turno. "Fazia muito tempo que Fortaleza não tinha uma eleição de segundo turno. E nunca teve uma eleição tão disputada como esta", declarou. Para ele, a candidatura do PSB foi "de alto nível" e "propositiva".
Enquanto Cid Gomes aguardava Roberto Cláudio terminar de votar, no Colégio Batista, foi abordado por servidores da Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Semace) que estão em greve, mas o chefe do executivo estadual afirmou que não dialoga com categoria em greve "senão o Estado para". Ele disse que negociaria com os servidores, no intervalo de uma semana, caso a paralisação fosse encerrada.
Compromissos
Sobre os compromissos assumidos com os partidos aliados, Cid Gomes garantiu que as propostas foram incorporadas ao plano de governo de Roberto Cláudio e ressaltou que a candidatura do PSB foi apoiada por "20 forças políticas", enquanto o PT manteve-se isolado. No que se refere à aliança com o PT após o segundo turno, Cid não titubeou em afirmar que quer, sim, manter-se aliado da legenda, mas isso só está se concretizando no âmbito nacional, garantiu. "Se a presidente Dilma, que está fazendo um grande governo e sendo reconhecida pela população, se candidatar, estaremos junto com ela", disse.
Indagado se os ataques feitos à gestão municipal poderiam interferir na relação com o Governo Federal, ele opinou: "Não ficou inviável a aliança com o PT". Cid garantiu ainda que, independentemente de quem seja eleito, o Governo do Estado vai estar disponível para fazer parcerias. Na mesma linha do discurso de Cid, o senador Eunício (PMDB) restringiu as divergências partidárias ao cenário local. "Nós continuamos aliados. A nossa posição nacional é de apoio à presidente Dilma", considera. No tocante à participação da sigla na administração de Roberto Cláudio, caso eleito, Eunício disse que o assunto não foi discutido.
Aderindo à candidatura do PSB, o senador Inácio Arruda (PCdoB) declarou que não havia opções para o partido nesta segunda fase do pleito, por conta das "críticas" feitas após o rompimento com a administração de Luizianne. Questionado se voltaria a fazer alianças com a gestão municipal, caso Elmano vencesse, ele disse que seria inviável por conta da oposição feita.
Já o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, garantiu que o fato de o ex-candidato Heitor Férrer não ter seguido a legenda no segundo turno não trouxe "constrangimento". Ele disse que Heitor não deveria ter se isentado num momento decisivo da Capital. "A gente divergiu, mas acho que optar pela neutralidade num momento como este não é algo benéfico".
BEATRIZ JUCÁ / LORENA ALVESREPÓRTERES