Os candidatos a prefeito de Fortaleza Moroni Torgan, Elmano de Freitas, Inácio Arruda e Renato Roseno participaram, na tarde de ontem, do debate promovido pela Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Ceará
FOTO: JL ROSA
Quatro prefeituráveis da Capital discutiram propostas para melhorar a coleta de lixo e a reciclagem na cidade
A Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Ceará realizou debate, na tarde de ontem, com os candidatos a prefeito de Fortaleza para que eles apresentassem propostas para a categoria. No entanto, dos dez prefeituráveis, somente quatro compareceram e se comprometeram a incluir, nos planos de governo, a pauta de reivindicações dos catadores.
Os outros seis prefeituráveis não foram ao evento. Somente Roberto Cláudio (PSB) e Valdeci Cunha (PRTB) justificaram suas ausências. O socialista informou, através de carta enviada por sua assessoria, que já havia se comprometido com outro evento no mesmo horário. Já Valdeci Cunha, através de seu vice, avisou que estava doente.
O senador Inácio Arruda (PCdoB) foi o primeiro a se pronunciar, pois tinha a gravação de um programa de TV no mesmo horário. Já perto do fim do debate, ele retornou para o encerramento do evento. Segundo ele, a atual gestão "não fez o dever de casa" quando não apresentou o seu programa municipal de resíduos sólidos, como manda a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em tempo hábil. Para Inácio, o plano deveria ser entregue até o início de agosto, o que não foi feito.
Para melhorar o trabalho dos cooperados, Inácio Arruda sinalizou como proposta a criação de um conselho e um projeto de resíduos sólidos na cidade, além de utilizar o que foi feito nos municípios de Porto Alegre e Belo Horizonte, além do que é feito no bairro do Pirambu. "Precisamos dar fardamento, luvas, batas e calçados para esses trabalhadores, além, é claro, de entregarmos carros mais leves para o manuseio do material reciclado", apontou o candidato.
Volume
Inácio reclamou ainda do uso de apenas uma empresa para recolher todo o lixo da cidade, uma vez que o volume é muito grande. "Não dá mais para uma única empresa fazer isso. Não é possível a Prefeitura reciclar apenas com o trabalho dessas pessoas".
Elmano de Freitas (PT) fez uma comparação com o que era reciclado antes da gestão do PT e atualmente, na gestão da prefeita Luizianne Lins. "Antes, vários bairros não tinham coleta de lixo, e fizemos um esforço muito grande para mudar isso. Sabemos que Fortaleza fez centros de triagem, poucos, mas fez", disse.
Desafio
O candidato ainda afirmou que o desafio da administração é apresentar o plano de gestão integrada de seleção de lixo. Ele se comprometeu a ampliar o número dos centros de triagem, e também citou como exemplo o que acontece na Capital mineira.
O democrata Moroni Torgan decidiu renomear os catadores de resíduos sólidos para "agentes ecológicos", pois, segundo ele, são os que mais contribuem para a preservação do meio ambiente. O democrata se comprometeu a garantir todos os direitos legais dos trabalhadores, além de uma parceria entre os "agentes" e a Prefeitura, caso seja eleito o prefeito, para garantir um preço "digno" do material reciclado para os catadores.
Renato Roseno, do PSOL, reclamou da falta de compromisso da gestão com a apresentação de um plano para os resíduos sólidos, o que, segundo ele, irá acarretar em prejuízos da ordem de R$ 30 milhões para a Prefeitura de Fortaleza no próximo ano. "O plano era para ter sido apresentado até o dia 2 de agosto, coisa que Fortaleza não fez. A não apresentação do plano prejudica a redistribuição do ICMS", explicou o socialista.
Segundo ele, existe um monopólio em Fortaleza, na empresa que gere a reciclagem de material reciclado na Capital e que os donos de determinadas empresas, de acordo como o socialista, estariam financiando campanhas eleitorais. "Este modelo monopolista tem que ser recusado. É ou não é justo que estes homens e mulheres recebam e tenham condições dignas? A Marquise e a Ecofor tem ou não tem muito poder?", indagou o candidato do PSOL.
Renato Roseno lembrou ainda que foi apresentado uma proposta de redução de até 5% sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para os condomínios que realizem a coleta seletiva de resíduos sólidos, o que não foi implementado pela atual gestão na Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Disputa
Rebatendo as críticas e os questionamentos feitos pelos seus adversários durante o debate, o petista Elmano de Freitas afirmou que, devido ao seu tamanho, a coleta de lixo na Capital tem que ser feita através de licitação e lembrou que os grandes fornecedores de material reciclado são as grandes empresas. "Por isso, vamos ter que fazer parceria com elas. A disputa com o grande não é sempre contra ele, mas também com ele", emendou.
O petista lembrou também que o contrato com a empresa que presta serviços de coleta seletiva de lixo em Fortaleza foi feito ainda na época da gestão do ex-prefeito Juraci Magalhães. Elmano explicou ainda que, para rescindir o contrato antes do prazo, o Município iria pagar uma multa milionária.