Crianças e adolescentes tiveram a oportunidade de exercitar o papel de parlamentares
FOTO: AGENCA AL
Imagine você, caro leitor, como seria um parlamento estadual composto por garotos e garotas de 11 a 18 anos. Que tipos de ideias se passam nas mentes dos jovens e o que eles fariam para melhorar o Estado em que vivem? Ontem, na Assembleia Legislativa (AL), foi possível ter uma ideia ao menos preliminar de como seria essa realidade. E o que se visualiza é animador. São 51 deputados juniores e 40 deputados jovens do projeto Protagonismo Infantojuvenil, que dá a jovens estudantes a oportunidade de conhecer de perto a rotina vivida por um deputado estadual.
No encontro de ontem, eles se reuniram para votar as matérias que apresentaram, no primeiro semestre, em forma de projeto de lei simulado. E se engana quem acha que as ideias deles são proporcionais a pouca idade.
De acordo com um dos coordenadores do projeto, Wellington Tabosa, boa parte das ideias apresentadas pelos alunos deverá ser aproveitada e, após as devidas adequações, serão apreciadas pelos parlamentares da Casa, podendo, de fato, se tornar leis estaduais. “É um projeto-piloto, mas superou nossas expectativas e certamente muitos dos projetos serão aproveitados pela Casa”.
Milena Sales, aluna do município de Xorozinho, está cansada de ver seus direitos estudantis serem descumpridos. Por isso, apresentou um projeto que regulamenta as carteiras de estudante em todas as cidades da Região Metropolitana. “Tem tantos direitos de que somos privados e nem percebemos”.
A pequena Rayanna dos Santos, 13, de São Gonçalo do Amarante, fica tímida e a princípio sem palavras quando perguntada o que pensa sobre política. Mas uma jovem deputada que se preze não pode ficar sem resposta, então ela dispara: “A política não é só coisa ruim do jeito que a mídia mostra”. Junto com a colega Jonassa Pereira, 13, ela apresentou um projeto sobre coleta e reciclagem do lixo que há nas praias.
E o que dizer então do senso de coletividade de Renato Cavalcante, 15? Um dos mais falantes da turma, ele explica que tem uma deficiência visual que o impede de ver o que está a sua frente. Enxerga apenas o que está dos lados.
Estudante de escola privada, diz que suas necessidades especiais são plenamente atendidas, mas sabe que o mesmo não ocorre na maioria das escolas. Por isso, apresentou um projeto que pretende adaptar as escolas públicas e privadas a todos os tipos de deficiência.
E teve espaço também para um projeto de cunho esportivo-cultural, capaz de fazer lembrar Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto que queria ver o tupi-guarani como língua oficial do Brasil. Um aluno apresentou projeto que incluía a prática de esportes indígenas nas aulas de educação física da rede estadual. O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Ao todo, foram aprovadas 20 matérias , entre projetos de lei e indicação. No início dos trabalhos, todos conheceram o funcionamento das Comissões Técnicas da Assembleia, por meio da apreciação das propostas.
SERVIÇO Como participarEstudantes de escolas públicas e privadas da Região Metropolitana precisam escrever um esboço de projeto de lei. Os melhores são selecionados. Informações: www.al.ce.gov.br