O governador Camilo Santana concedeu entrevista coletiva ontem, quando se reuniu com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab
FOTOS: JOSÉ LEOMAR
O governador Camilo Santana, em entrevista coletiva, ontem, no Palácio da Abolição, reafirmou que vai manter o foco na cobrança de retorno dos investimentos da Refinaria Premium II no Estado. O gestor disse que, logo que for escolhida a nova diretoria da Petrobras, ele pretende discutir o tema com os novos diretores da estatal.
Na semana passada, políticos, economistas e gestores foram surpreendidos com o comunicado da companhia, afirmando que os projetos de construção das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará, estavam suspensos por conta de prejuízos que a empresa havia adquirido ao longo dos anos.
No decorrer da semana, parlamentares da Assembleia Legislativa, assim como deputados federais, criticaram a ação e passaram a cobrar mais empenho do Governo do Estado junto ao Governo Federal para a retomada do empreendimento. "Todos sabem da saída da diretoria da Petrobras e, até sexta-feira (hoje), teremos um novo presidente. Posteriormente, vamos discutir com a nova diretoria o futuro da refinaria", afirmou Camilo.
Questionado sobre o contrato assinado entre o Governo do Estado e a Petrobras para a instalação da Premium II no Ceará, assim como as despesas com o equipamento, que foram cobradas pelo Ministério Público Estadual, Santana declarou que existem protocolos e atas das reuniões semanais que foram realizadas entre técnicos do Ceará e do Governo Federal.
"Como vou fazer contrato? É o mesmo caso da Siderúrgica, que teve todo um processo de discussão e hoje é uma realidade", salientou. O gestor voltou a dizer que vai "cobrar caro da Petrobras" os prejuízos que poderão ocorrer caso o Ceará não receba a refinaria. "Os prejuízos são imensuráveis para o Estado. Quanto que custa a UFC (Universidade Federal do Ceará) já formando universitários no setor de petroquímica? Não é só o valor da terra, do que foi feito, mas todo um planejamento feito para aquela região", lamentou.
Otimista
Apesar da negativa da estatal, o governador alega estar otimista em reverter a situação, sem detalhar como seria a "luta" que vai empreender. "Da mesma forma que ninguém acreditava na Siderúrgica, ela será uma realidade. E da mesma forma vamos trabalhar para a Refinaria. Essa é uma luta de todos os cearenses", defendeu Santana.
Na última quarta-feira, o deputado Heitor Férrer (PDT) apresentou, na Assembleia Legislativa, requerimento para a realização de sessão extraordinária para discutir os impactos da decisão da estatal para o Estado. Pelo menos 12 parlamentares subscreveram o pedido que solicita a presença do ex-governador e atual ministro da Educação, Cid Gomes, Camilo Santana (PT), a bancada federal do Estado, além de outros gestores.
O governador Camilo Santana, que nesta semana esteve reunido com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, informou que não houve discussão sobre a Refinaria Premium II, apenas sobre o processo de estiagem no Ceará. Ele reforçou que está preparando plano de convivência com a seca, mas não detalhou o projeto, salientando que em breve deve apresentar a proposta na Assembleia Legislativa.
"A minha prioridade com Mercadante foi a seca. Fomos apresentar a ele nossas propostas, inclusive, pretendo apresentar na Assembleia Legislativa, até porque vai ter reunião do Mercadante com vários ministérios para discutir o problema hídrico e, no Ceará, precisamos dessa parceria", apontou Santana.
Integração
O governador se reuniu pela manhã com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, discutindo a integração de equipes dos poderes executivos Estadual e Federal para execução de projetos em andamento. Segundo ele, a ideia é garantir o que já está em andamento para que possa ser entregue o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que está parado, a ponte estaiada e etapas do Metrô de Fortaleza (Metrofor).
"Claro que este ano é de muita contenção de despesas e aqui no Ceará estamos preocupados com o problema da estiagem. Mas por conta disso vamos precisar otimizar muito nossos recursos, nossas parecerias", ressalta.
Segundo Camilo, mais importante do que a liberação de verbas são as parcerias que devem ser discutidas no início de Governo, como com o Ministério das Cidades, para "afinar" a relação entre as equipes do Governo Federal e Estadual em busca de soluções para problemas técnicos em alguns projetos.
"Queremos ampliar a rede de esgotamento sanitário de Fortaleza e temos o compromisso de ampliar as unidades habitacionais. Fizemos para o Minha Casa, Minha Vida uma proposta para o Ceará ser contemplado com 50 mil unidades", pontuou.