O deputado Lucílvio Girão (PMDB) chamou atenção ontem, durante pronunciamento na Assembleia Legislativa, para a questão do tratamento de dependentes químicos no Brasil e no Ceará, em especial. Segundo apontou, o programa lançado pela presidenta Dilma Rousseff, que prevê a distribuição de 3500 leitos para tratamento de drogaditos, não resolverá o problema dos dependentes.
O programa citado é o "Crack, é possível vencer", do Ministério da Saúde, que trará para Fortaleza, conforme promessa do Governo Federal, 56 novos leitos para dependentes químicos. Mas na avaliação do parlamentar, isso não é suficiente para tirar jovens e adultos da dependência das drogas.
Conforme Lucílvio Girão, o tratamento mais adequado para esses casos são o de recuperação, com a ajuda de profissionais como psiquiatras, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, dentre outros, que façam um acompanhamento desses pacientes por alguns meses, acreditando que apenas alguns dias de internação não resolve o problema da dependência.
Para o parlamentar, uma boa iniciativa seria a criação de casas de recuperação mantidas pelos governos federal, estaduais e municipais. Nesse caso, explica, a maior parte, 70% dos custos, ficaria com a União, 20% para os estados e somente 10% para os municípios.
Atividades
Além dos profissionais médicos, Lucílvio Girão sugeriu a ajuda dos Alcoólicos Anônimos (AA) na recuperação de pessoas viciadas em drogas como maconha, cocaína e crack. O deputado também defende que essas pessoas em recuperação tenham acesso à atividades esportivas e culturais e, ao final do tratamento, possam estar empregadas, mudando completamente a rotina dessas pessoas e afastando cada vez mais do vício.
O deputado Fernando Hugo (PSDB) concordou. O parlamentar que faz questão de dizer ter sido dependente químico de uma substância chamada dolantina, um tipo de medicação muito comum nos hospitais de emergência, deixa claro que sem internações e um tratamento completo a pessoa não consegue se livrar do vício. O parlamentar disse que além do tratamento pelo qual passou, tinha o apoio da família, mas mesmo assim foi difícil deixar a dependência.
No seu entendimento, medidas tomadas como nos Centro de Assistência Psicossocial (Caps), não resolvem o problema, pois o usuário não se livra do vício e continua, a todo momento, tendo acesso livre à droga que costuma usar. "O drogadito vai para o Caps e recebe 30 comprimidos de Diazepam, na primeira esquina ele se entrega as drogas", enfatiza Fernando Hugo, um dos que mais tem falado sobre a necessidade de os governos despenderem uma melhor atenção e recursos para o caso.
Controlar
Assim como Lucílvio Girão, o tucano acredita que apenas uma internação em centros de ressocialização com o acompanhamento de médicos, psiquiatras, psicólogos e terapeutas, o dependente vai aprender a controlar o vício e não mais recorrer às drogas. Mas isso, pontua, deve vir acompanhado de uma política de ressocialização com a inserção desses pacientes junto as práticas esportivas e culturais.
A maioria das vítimas da droga, no Ceará, não tem acesso aos poucos centros existentes para tratamento e o aumento de vítimas no meio da sociedade gera maiores preocupações.