A direção estadual do PSC comunicou, ontem, que apoia o candidato Camilo Santana (PT) neste segundo turno da disputa do Governo do Estado. Em ato no comitê central do petista, o presidente da legenda, Wellington Sabóia, afirmou que a Executiva nacional autorizou que a sigla assumisse uma posição nesta nova etapa da campanha de acordo com o desejo da maioria dos seus membros. Apesar de fazer parte da coligação formada pelos partidos de apoio ao candidato Eunício Oliveira (PMDB), Wellington Sabóia alegou que a autorização da direção nacional do PSC permitiu que a legenda no Ceará seguisse o que a maioria que compõe a legenda no Ceará já desejava mesmo antes da oficialização das alianças nas convenções partidárias. "Nós tínhamos uma decisão da Executiva Nacional em que nós deveríamos apoiar o senador Eunício Oliveira. Por uma questão de fidelidade, respeito e hierarquia ao nosso presidente, Pastor Everaldo, nós seguimos a orientação. Nós votamos e pedimos votos para o 15. A partir do segundo turno, o Pastor Everaldo nos ligou e disse que nós temos o livre arbítrio de decidirmos de que lado nós deveríamos ficar no segundo turno". Isso nos liberou para apoiar Camilo. Wellington Sabóia evitou, no entanto, aprofundar-se sobre quais eram as principais razões para que o partido não permanecesse na base aliada de Eunício Oliveira, ao alegar que as motivações pertencem ao foro íntimo de todos os que formam a legenda, mas revelou que quase todos os membros já desejavam a aliança com Camilo Santana ainda no primeiro turno da disputa. Tiveram problemas "Sei que a política é muito vivenciada por certas falácias, por certos ataques e tudo isso, mas as pessoas que conhecem minha índole, meu caráter sabem que eu sou uma pessoa muito discreta. Essa decisão vai ser uma coisa de foro íntimo do partido. Não vamos expor se houve isso ou aquilo. Tiveram problemas, mas não foi isso. O que nós seguimos aqui é o que o coração queria seguir desde o começo e que a razão não permitia", explicou. Questionado se a aliança com o PSC não representava uma incoerência partidária diante do cenário nacional em que a legenda se opõe a algumas teses programáticas defendidas pelo PT, Camilo Santana avaliou que o mais importante é garantir o apoio de todos que possam contribuir para assegurar a manutenção do atual projeto desenvolvido no Ceará pela administração estadual. "Quando nós terminamos o primeiro turno, a minha primeira fala foi dizer que a minha tarefa seria unir os cearenses, as famílias cearenses e que gostaria de ter qualquer e todo apoio necessário para garantir o projeto que está em curso no Estado", destacou o petista. Camilo Santana também negou que a mudança de lado do PSC representasse a promessa de algum cargo numa futura composição do Poder Executivo ao assegurar que o diálogo com a direção do partido teria se dado apenas em torno do conteúdo programático, mas reconheceu que a legenda terá espaço na administração caso eleito. Fundamental "Nosso diálogo é programático. É claro que nenhum candidato constrói uma campanha sozinho. Ele tem seus aliados na campanha e aliados para governar caso seja eleito. Isso é natural na política. Isso é fundamental para garantir a parceria com todos os quadros, com todos os partidos. Então, a nossa discussão foi programática, mas com certeza se o povo cearense me der essa oportunidade, eu vou governar com todos os aliados", acrescentou. De acordo com Wellington Sabóia, a principal contribuição do PSC à candidatura de Camilo Santana vai ser reforçar o apoio do petista na Capital. O presidente do PSC ressaltou que a legenda é mais forte em Fortaleza e lembrou que, em 2012, chegou a formar uma das maiores bancadas na Câmara Municipal ao lado do PT e PMDB. Em 2014, na eleição para a Assembleia Legislativa, o PSC conseguiu eleger apenas um deputado estadual, Bruno Pedrosa, que é filho do deputado estadual Vanderley Pedrosa (PTB). Na disputa das vagas no Parlamento estadual, a legenda conseguiu reunir um total de 99,5 mil votos, enquanto obteve outros 7,4 mil na eleição para a Câmara dos Deputados. Principal articulador no apoio do cantor de forró Wesley Safadão a Eunício Oliveira, Wellington Sabóia disse que também tentará convencer o artista a mudar de lado. Entre as lideranças do partido no Estado, o vereador Eulógio Neto decidiu não seguir a orientação da direção do partido e vai continuar na campanha de Eunício Oliveira. Maracanaú Ainda ontem pela manhã, a ex-presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), Nicolle Barbosa, entregou ao candidato Camilo Santana, em Maracanaú, um relatório com propostas para o desenvolvimento econômico do Estado. O documento é resultado da "Caravana do Desenvolvimento", que levou a empresária a percorrer oito macrorregiões ouvindo jovens empresários, comerciantes, profissionais liberais, lideranças sindicais e empresariais. Camilo Santana destacou que o documento representa o atual modelo voltado para a interiorização dos serviços públicos. "Ceará tem especificidade em cada região. Tem regiões mais problemáticas com a questão da agricultura, tem regiões que a maior vocação é turística, tem regiões com mais vocação para a questão industrial. Então, é exatamente construir uma política já em andamento de fortalecimento regionalizado, porque essa é a grande lógica que precisamos inverter", acrescentou o candidato. No início da noite o candidato governista participou de um encontro com lideranças estaduais que apoiam sua candidatura. O governador Cid Gomes e o prefeito Roberto Cláudio estavam lá.