Dilma vistoria trecho em Pernambuco acompanhada dos governadores Cid Gomes e Eduardo Campos
Foto: ROBERTO S. FILHO/PRESIDÊNCIA
Na primeira declaração sobre a greve de policiais militares da Bahia, que completou ontem 10 dias, a presidente Dilma Rousseff disse que respeita as reivindicações da corporação, mas não concorda com anistia para policiais que cometeram crimes durante a paralisação. Ela foi incisiva ao dizer que “crimes contra o patrimônio, contra as pessoas e contra a ordem pública não podem ser anistiados. Se anistiar, vira um país sem regras”. A presidente disse que ficou “estarrecida” com as gravações telefônicas divulgadas quarta-feira pela TV, que revelam conversas de líderes dos policiais e bombeiros baianos no sentido de radicalizar o movimento, estendendo-o, inclusive, para outros estados.
As declarações foram dadas durante visita a obras da Ferrovia Transnordestina, no município pernambucano de Parnamirim. No mesmo dia, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou mensagem do Governo que determina a suspensão da abertura de novas sindicâncias, ou manifestação das já existentes, no tocante aos movimentos grevistas recentes no Estado.
Dilma disse que respeita “democraticamente os movimentos e suas reivindicações”, mas não considera admissível anistiar quem comete crimes durante uma greve, caso de alguns policiais militares baianos que estão sendo acusados de formação de quadrilha, incitação ao crime e depredação de patrimônio público, entre outros delitos. “Vai chegar um momento em que vão anistiar antes do processo grevista começar. Eu não concordo com isso. Por reivindicação, eu não acho que as pessoas têm de ser presas, nem condenadas. Agora, por atos ilícitos, por crimes contra o patrimônio, crimes contra as pessoas e crimes contra a ordem pública, não podem ser anistiados”. A presidente disse que as forças federais, como o Exército e a Força Nacional, estão à disposição para dar suporte aos governos estaduais sempre que forem solicitadas. Sobre o direito de greve para as polícias, a presidente disse apenas que “essa é uma questão que tem de ser debatida no Brasil”.
TransnordestinaDilma esteve desde quarta-feira em viagem pelo Nordeste para vistoriar as duas maiores obras de infraestrutura da região: a transposição do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Com 1,7 mil quilômetros, a ferrovia vai ligar o interior do Nordeste aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). Na visita de ontem, a presidenta cobrou a conclusão da obra até 2014 e disse que o governo não pretende elevar os custos do projeto para além dos atuais R$5,4 bilhões previstos. O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Apesar de ter demonstrado indignação contra o que cometeram policiais militares na Bahia, se mostrando contra a anistia, Dilma assinou em outubro passado a anistia dos PMs e bombeiros que invadiram um quartel no Rio de Janeiro para pressionar o governo do Estado.