Moroni resiste às máquinas? É preciso muita cautela para analisar a pesquisa Vox Populi, divulgada ontem pela TV Jangadeiro. Como a coluna já vem insistido, é complicado comparar números de institutos diferentes. Assim, não é exatamente correto dizer que qualquer dos candidatos subiu ou desceu. Como não há parâmetros anteriores, o que o Vox Populi mostra é um primeiro cenário, após o segundo dia de propaganda dos candidatos a prefeito no rádio e na TV e pegando parte do terceiro dia. Considerada a estranha margem de erro de 3,1 pontos percentuais, em seu limite máximo, Elmano de Freitas (PT), Roberto Cláudio (PSB), Inácio Arruda (PCdoB), Heitor Férrer (PDT) e Renato Roseno (Psol) estariam, todos, tecnicamente empatados. No máximo, todos muito próximos. A questão é que a tendência óbvia é o crescimento dos candidatos apoiados pelas máquinas governamentais - Elmano e Roberto Cláudio. Para os demais, a evolução é menos provável. Assim, a pergunta inevitável que o Vox Populi sugere é: Moroni Torgan (DEM) sustenta seus percentuais ou cairá a ponto de ser ultrapassado pelos ex-aliados em rota de colisão? Ou seja, os candidatos de PT e PSB podem se enfrentar no segundo turno? Os 38 dias de campanha pela frente ajudarão a responder. As pesquisas Ibope e Datafolha, que poderão ser comparadas com números anteriores, também contribuirão para compreender melhor o cenário presente. E dar indicações para o futuro. A ANÁLISE TÉCNICA E O IMPACTO SIMBÓLICOAs ponderações acima têm caráter técnico. Mas a pesquisa tem também efeito simbólico. Como diagnóstico de cenário, Elmano e Roberto Cláudio, em particular, estão completamente embolados. Na prática, aquele solitário pontinho percentual de diferença provocou euforia imediata nas fileiras petistas. Tipo de coisa que pode provocar reação em cadeia e animar a militância. Como comentou um influente petista à coluna: “Eita, que o poste deu uma acendida!” A ESQUERDA OPOSICIONISTAOs outros candidatos são carta fora do baralho? Convém, também, esperar as pesquisas de hoje e amanhã para perceber a evolução com maior exatidão. De toda forma, impressiona o baixo índice de Marcos Cals (PSDB). A situação do PSDB é dificílima. E se desenha uma interessante narrativa: como se comportarão os eleitores de esquerda ou centro-esquerda não alinhados com as máquinas? Somados, votos mais ou menos afins, como de Heitor Férrer (PDT), Inácio Arruda (PCdoB) e Renato Roseno (Psol) alcançam índice igual ao de Moroni. Como irão se comportar esses eleitores? O sempre polêmico voto útil poderá ainda impulsionar algum deles. Ou pesará o fator ideológico? Enfim, são muitos cenários e possibilidades. A pesquisa induz mais dúvidas que certezas. Mas, como aqui sinalizado, a eleição agora já é outra.